Campinorte

EXEMPLO A SER SEGUIDO – Projeto “Mini Fazenda Vila Verde” fortalece educação inclusiva e transforma rotina de escola da rede estadual em Campinorte

Iniciativa coordenada pela pedagoga Thaís Guimarães Araújo, no Cepi Deoclides Martins da Costa, revolucionou Atendimento Educacional Especializado (AEE) para alunos com necessidades especiais matriculados na instituição na cidade de 12 mil habitantes no Norte do Estado: confira a reportagem especial produzida por nossa repórter Patrícia Bastos

Desenvolvido no Centro de Ensino de Período Integral (CEPI) Deoclides Martins da Costa, em Campinorte, o Projeto Mini Fazenda Vila Verde” tem promovido impactos positivos na educação inclusiva ao oferecer um espaço pedagógico estruturado, acessível e humanizado para estudantes com necessidades especiais.

Com 210 estudantes matriculados, a unidade escolar está instalada na Avenida Maranhão – a principal do município localizado às margens da BR-153 –  sendo atualmente coordenada pela gestora Dirce Maria Borges Guimarães, reconhecida por atuação ativa junto à comunidade campinortense.

Alunos participam do cuidado diário com os animais da minifazenda, desenvolvendo responsabilidade, autonomia e senso de pertencimento. [Foto: Divulgação/CEPI Deoclides Martins da Costa}

Implantado em março deste ano, o projeto surgiu a partir da reorganização das práticas do Atendimento Educacional Especializado (AEE), aliando contato com a natureza, interação com animais e atividades interdisciplinares, contribuindo assim para o desenvolvimento sensorial, emocional, cognitivo e social dos alunos.

Atualmente, 14 alunos da educação especial são atendidos diretamente pelo projeto em suas necessidades específicas como Transtorno do Espectro Autista (TEA), paralisia (incluindo paralisia cerebral), doença de Parkinson, deficiência auditiva, deficiência visual e deficiência física.

O Projeto Mini Fazenda Vila Verde é coordenado pela pedagoga Thaís Guimarães Araújo, professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), com auxílio das professoras Fábia Abadia e Marielle Vieira.

Profissionais de apoio escolar, Fábia e Marielle contribuem diretamente para a implementação e o funcionamento das atividades desenvolvidas no espaço.

Estudantes participam ativamente das atividades do Projeto Mini Fazenda Vila Verde, fortalecendo a educação inclusiva por meio do contato com a natureza e os animais. [Foto: Divulgação/CEPI Deoclides Martins da Costa}
Uma das funções da equipe multidisciplinar é ampliar as habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia, atividade e participação na rotina escolar. De acordo com Thaís, a proposta nasceu da observação diária – e mais aprofundada – da equipe no ambiente rotineiro da instituição.

Segundo ela, por se tratar de uma escola de tempo integral, foi identificado que muitos estudantes do CEPI Deoclides Martins da Costa apresentavam crises frequentes, elevado tempo de exposição às telas e dificuldades para gerenciar emoções, cognição e comportamento (o que se conhece como falta de autorrregulação).

Interação com animais integra as práticas do Atendimento Educacional Especializado e contribui para o desenvolvimento emocional, cognitivo e social dos estudantes. [Foto: Divulgação/CEPI Deoclides Martins da Costa}
PLANEJAMENTO MINUCIOSO – “Diante desse cenário, nossa escola percebeu a necessidade de criar um espaço inclusivo e estruturado, que possibilitasse o contato com animais e com a natureza, auxiliando os estudantes a se regularem emocionalmente e a aprenderem melhor”, explicou Thaís, na entrevista exclusiva ao Portal Excelência Notícias.

Para tanto, explicou ela, criou-se um espaço especialmente planejado para trabalhar os estímulos sensoriais (com passarela sensorial e painel sensorial) favorecendo a percepção dos cinco sentidos.

Minimercado pedagógico é utilizado como ferramenta educativa para trabalhar matemática, linguagem e noções de sistema monetário. [Foto: Divulgação/CEPI Deoclides Martins da Costa}
Como eixo central do projeto, a escola implantou uma minifazenda em suas dependências, permitindo também que os estudantes participam ativamente da alimentação, higiene, demais cuidados diários e interação com diversos animais.

Ao todo, são dois mini cabritos, dois patos, cinco porquinhos-da-índia, dois coelhos, dez pássaros e cinco carpas, além de um mini lago, baias e viveiros adequados, de tal forma que os estudantes incorporem valores como responsabilidade, autonomia e vínculo.

Atividades pedagógicas interdisciplinares realizadas na minifazenda tornam a aprendizagem mais funcional, significativa e inclusiva [Foto: Divulgação/CEPI Deoclides Martins da Costa}

HORTA MEDICINAL – A minifazenda também abriga uma horta medicinal, com plantas como boldo, manjericão, hortelã, poejo, alecrim, vick, xambá (também conhecida como anador ou melhoral), pés de tomate e orégano, promovendo o contato dos alunos com a natureza e noções sobre cultivo, cuidado e sustentabilidade.

Além do desenvolvimento de atividades pedagógicas interdisciplinares, os conteúdos trabalhados envolvem matemática, filosofia, ciências, língua portuguesa, língua inglesa e outras áreas do núcleo comum, integrados ao ambiente da fazenda, tornando a aprendizagem mais prática, funcional e significativa.

Passarela sensorial e ambientes planejados favorecem a estimulação dos sentidos e a redução de crises entre estudantes atendidos pelo AEE [Foto: Divulgação/CEPI Deoclides Martins da Costa}
“Muitos passaram a se reconhecer como parte importante espaço do espaço da nossa minifazenda. Hoje, eles são procurados pelos colegas, são chamados para brincar, para ajudar no cuidado com os animais e para explicar como funciona a fazenda — algo que antes não acontecia”, ressalta a criadora do projeto.

MINIMERCADO – Outro destaque pedagógico da escola estadual de Campinorte é o minimercado, espaço no qual são trabalhados conteúdo do núcleo comum de forma prática e interdisciplinar.

Nesse ambiente, os estudantes desenvolvem noções de sistema monetário, quantidades, precificação e matemática, além de conteúdos de língua portuguesa e língua inglesa, por meio da identificação de nomes de frutas, alimentos e objetos, ampliando o vocabulário e a funcionalidade da aprendizagem.

Espaços sensoriais planejados dentro da escola auxiliam na autorregulação emocional e no desenvolvimento dos estudantes atendidos pelo Atendimento Educacional Especializado [Foto: Divulgação/CEPI Deoclides Martins da Costa}

A unidade escolar também dispõe de um miniteatro pedagógico, onde são utilizados figurinos confeccionados pelos próprios estudantes e instrumentos musicais.

Nesse espaço, são realizados ensaios e apresentações de peças e músicas, contribuindo para o desenvolvimento motor, corporal, expressivo, comunicativo e socioemocional dos alunos.

Miniteatro pedagógico da escola estimula o desenvolvimento motor, expressivo e comunicativo dos estudantes por meio da música e das artes [Foto: Divulgação/CEPI Deoclides Martins da Costa}

IMPACTOS POSITIVOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 

Em âmbito nacional, o Ministério da Educação determina que o Atendimento Educacional Especializado (AEE) – tal foi implantado no CEPI Deoclides Martins da Costa, em Campinorte – seja destinado a alunos com qualquer tipo de deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

A educação inclusiva permite que o aluno com necessidades especiais participe das atividades no ambiente escolar, interagindo com colegas, professores e funcionários

SEGURANÇA, LEGISLAÇÃO E INVESTIMENTOS – De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil deve garantir a inclusão de todos os estudantes de 4 a 17 anos na escola, e as pessoas com deficiência e necessidades especiais devem ser matriculadas, preferencialmente, em classes comuns.

Atualmente, em Goiás, a rede pública estadual de ensino  possui 434 salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE) em cerca de 1.000 escolas mantidas pelo Governo do Estado.

Ao todo, são atendidos aproximadamente 23 mil estudantes com uma única deficiência, com deficiências múltiplas (duas ou mais deficiências) e estudantes com TEA que necessitam alto nível de suporte especializado.

O estudante diagnosticado com alguma dessas condições é encaminhado para a sala de AEE, com suporte de um professor especialista, que atua na minimização ou eliminação das barreiras que impedem o aprendizado.

ESTADO AMPLIA INVESTIMENTOS NAS SALAS DE AEEWeberson de Oliveira Morais, gerente de Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc-GO) em Goiânia, conversou com o Portal Excelência Notícias na última semana sobre as melhorias implantadas nas AEEs pela pasta comandada pela secretária Fátima Gavioli, titular da pasta.

“As salas de AEE da rede estadual foram revitalizadas em 2022 com investimento de R$ 32 mil por unidade para adequação física, compra de mobiliário e aquisição de materiais pedagógicos, tornando os espaços mais preparados para atender os estudantes”, detalhou o gerente de Educação Especial da Seduc.

Segundo Weberson, a previsão para 2026 é de uma nova etapa de revitalização, com investimento de R$ 60 mil para cada uma das 534 salas de aula participantes do Projeto “Inclusão em Movimento”, no qual cada unidade escolar desenvolve um projeto voltado aos estudantes da educação especial.

Outro fator relevante é a existência do currículo de referência do AEE, por meio do qual a Secretaria Estadual da Educação orienta e acompanha os professores da rede estadual de ensino de forma semanal, quinzenal e mensal, utilizando indicadores de inclusão. [Edição:  Euclides Oliveira, jornalista e editor-chefe do Portal Excelência Notícias, em Niquelândia]

Vista aérea parcial da estrutura do Projeto Mini Fazenda Vila Verde evidencia a integração entre espaços pedagógicos, áreas verdes e ambientes sensoriais voltados à educação inclusiva. [Foto: Divulgação/CEPI Deoclides Martins da Costa}

Veja também

Botão Voltar ao topo