Niquelândia

VIOLÊNCIA SEXUAL – Polícia Civil prende fazendeiro foragido há 8 meses por estuprar menina de 11 anos em 2018 em Niquelândia

Estupro fora revelado pela vítima somente quatro anos depois do crime, em 2022: homem de 48 anos havia sido localizado em 2023 e respondia ao processo em liberdade, mas tornou-se novamente foragido da Justiça em 2024

O fazendeiro Stanley Ribeiro Camelo, de 48 anos, foi preso pela Polícia Civil de Niquelândia na manhã desta terça-feira/20 numa fazenda de um sobrinho na região da Vereda, distante 30 quilômetros da área central da cidade. Ele ficou oito meses foragido da Justiça por ter estuprado uma menina de 11 anos em 2018, num caso que chegou ao conhecimento das autoridades apenas quatro anos depois, em 2022.

Por volta das 15 horas de hoje, o delegado Gerson José de Sousa, da PC local, recebeu o Portal Excelência Notícias para uma conversa de aproximadamente uma hora, em que relatou detalhes do fato cometido por Stanley que, à época dos fatos, contava com 41 anos de idade e não tinha nenhum antecedente criminal.

De acordo com a autoridade policial, apurou-se que, em março de 2018, a mãe da menor tinha um relacionamento amoroso com um funcionário do fazendeiro.

Na ocasião, a mulher saiu para tomar um lanche num dos estabelecimentos que funcionavam na Praça do Tucunaré Azul, na companhia do marido, do bebê recém-nascido do casal, da menina de 11 anos (fruto de um relacionamento anterior dessa mãe) e de Stanley Camelo.

O fazendeiro – por seu turno, contou o delegado –  foi ao local na companhia da sua então namorada e do filho dela, um menino de 5 anos. Por estarem com um bebê de colo, a mãe da garota e o companheiro decidiram ir embora.

Todavia, Stanley pediu que a menina de 11 anos ficasse com ele, com sua namorada e com o filho dela no bar, que hoje não existe mais, sob o compromisso de leva-la primeiro para casa e, depois, a namorada e o menino. Os dois adultos e as duas crianças foram para o Café Muquém.

O local era conhecido em toda a cidade por reunir grandes aglomerações de pessoas de caráter duvidoso às margens do início da GO-237/Rodovia da Fé em direção ao Povoado do Muquém.

“Nesse local, essa menina de 11 anos teria recebido bebida alcóolica – uísque e cerveja – oferecidos pelo Stanley; e passaram a noite lá (no Café Muquém). No entanto, quando saíram de lá, o Stanley deixou a então namorada primeiro na casa dela para, depois, deixar a adolescente em casa. Mas a menina, no entanto, despertou na cama do Stanley, que já estava seminu, se masturbando. Na sequência, mesmo sendo repelido por ela, ele cometeu o estupro forçosamente, mediante conjunção carnal”, explicou o delegado Gerson de Sousa.

Todavia, segundo o delegado, o caso só veio à tona em março de 2022 quando a menina, aos 15 anos, já estava morando com um segundo padrasto em Luziânia, no Entorno do DF. A mãe, no entanto, havia permanecido em Niquelândia.

E foi justamente para esse segundo padrasto – que a criou, desde a infância – que a garota contou que havia sido violentada pelo fazendeiro, quatro anos antes. O novo padrasto, então, acionou o Conselho Tutelar de Luziânia; e o caso, finalmente, chegou ao conhecimento da PC de Niquelândia.

“No depoimento, ela contou que ficou envergonhada, que se recolheu; e que somente naquele ano de 2022, quando já estava com problemas psicológicos, esse padrasto notou que tinha alguma irregularidade no comportamento dela, quando essa menina abriu o coração e contou para ele tudo o que havia acontecido em Niquelândia em 2018”, complementou o delegado Gerson.

A autoridade policial também deu informações, ao Excelência Notícias, sobre a conduta que teria sido adotada por Stanley após violentar a criança, há sete anos. Segundo Gerson, a menina contou que, depois da ocorrência em si, teria sido levada para casa pelo fazendeiro onde, nas proximidades, Stanley teria dado 70 reais para a garota como uma forma de, ao menos em tese, “comprar” o silêncio de sua vítima.

AS BUSCAS PELO ESTUPRADOR – Segundo o delegado, o fazendeiro prestou depoimento à PC de Niquelândia pela primeira vez somente em março de 2023, ou seja, um ano após o caso ter sido formalmente denunciado em Luziânia.

Desde então, o acusado respondia ao processo por estupro de vulnerável em liberdade já que haviam se passado cinco anos do crime cometido em 2018.

“Ele (Stanley) criou vários embaraços para a investigação que, no final das contas, resultaram em prejuízo à própria narrativa dele sobre os fatos”, disse o delegado

Um ano e meio depois, em setembro de 2024, o Poder Judiciário de Niquelândia expediu um novo mandado de prisão contra o fazendeiro, já que sua companheira de então, segundo o delegado, ficou sabendo do processo por estupro e entrou em contato com a jovem, então com 17 anos, querendo saber mais detalhes do caso.

“Essa namorada dele, então, ficou com medo; e ligou para a vítima querendo certificar-se da veracidade da história. No entanto, pelo tom de voz que ela usou, ficou subentendido para a vítima que ela estaria sendo vítima de uma coação. A menina, então, denunciou à Polícia Civil que estava recebendo essas ligações, o que resultou na instauração de um novo inquérito policial para apurar esse fato, de tal forma que a Justiça entendeu ser necessário decretar novamente a prisão do Stanley, o que ocorreu somente agora, oito meses depois”, detalhou o delegado Gerson.

A autoridade policial detalhou que, diferentemente do que muita gente pensava, o fazendeiro sempre permaneceu em fuga por propriedades da zona rural de Niquelândia, de Barro Alto e Goianésia, hospedando-se na casa de conhecidos por períodos não-superiores a cinco dias; e trocando constantemente o número do celular, para não ter o aparelho rastreado.

Desde que Stanley se colocou na condição de foragido da Justiça, no ano passado, cartazes com a foto e o nome dele mencionado como “procurado”, junto do telefone 197 da PC, foram constantemente divulgados nas redes sociais.

A prisão de hoje, segundo o delegado, foi conseguida graças ao intenso trabalho de investigação de sua equipe e através de informantes, que deram os passos exatos de onde o fazendeiro poderia ser efetivamente localizado.

“No depoimento que tomamos hoje, eu não consegui notar que ele esboçasse algum tipo de arrependimento, até porque o Stanley sempre buscou negar os fatos da ocorrência com uma criança, que tinha 11 anos de idade à época; e jamais poderia ter ficado sozinha com ele. Felizmente, os juízes têm sido bem rigorosos na aplicação dessas penas, de 8 a 15 anos de prisão, sobre ter conjunção carnal ou praticar qualquer ato libidinoso com menores de 14 anos, dada a rejeição que esse tipo de crime causa em toda a sociedade”, afirmou.

Para o delegado de Niquelândia, o estupro dessa menina em 2018 poderia ter sido facilmente evitado se a mãe e o padrasto da época tivessem seguido uma regra básica: a de não deixar menores de idade na companha/guarda de “conhecidos” ou “amigos” da família, por mais que essas pessoas sejam consideradas “de confiança” pelo convívio próximo.

NOTA DA REDAÇÃO – Na foto fornecida pela PC, sobre o momento da prisão do acusado pelo crime, a imagem do rosto de Stanley foi distorcida pelo Excelência Notícias atendendo exigência do delegado-titular da 18ª Delegacia Regional da Polícia Civil de Uruaçu (18ª DRP), Adriano Melo. Na imagem, Stanley Camilo aparece com um ferimento na cabeça pois saiu correndo e chocou-se  com uma trave da casa onde escondeu-se  A DIREÇÃO.

Acusado por estupro, de 48 anos, foi algemado pela Polícia Civil de Niquelândia no momento de sua prisão na zona rural da cidade [Foto: Divulgação/Polícia Civil]

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