Oportunidades do setor mineral: as inovações da Anglo American em benefício da sustentabilidade
Cristiano Cobo
“A sociedade moderna enseja que a indústria mineral contribua cada vez mais para um desenvolvimento socioeconômico sustentável, levando em consideração todos os impactos que ela pode gerar.
O entendimento de que as políticas sustentáveis devem estar presentes nas decisões estratégicas das empresas aumentam a cada ano e, diante desse cenário, a inovação ganha força, como protagonista da transformação do setor.
Com isso, a lembrança de que a mineração é uma atividade arcaica e rudimentar tem dado lugar à visão de uma indústria antenada com novas tecnologias, visando processos produtivos mais eficazes e seguros, melhores relações com as comunidades anfitriãs e, sobretudo, mais responsabilidade com a preservação ambiental.
Para a transformação rumo a um novo e melhor paradigma, diversas parcerias com órgãos públicos, entidades empresariais, instituições universitárias e pesquisadores, além de ONGs, startups e sociedade civil, vem ganhando força.
Vários são os cases do setor que podem ser citados, como as inovações ligadas ao uso de combustível sustentável e de energia renovável, ao consumo inteligente de água nas operações, ao melhor aproveitamento dos minerais produzidos, e ao uso de resíduos descartados nas minas para outras finalidades industriais.
Na Anglo American, empresa com 50 anos de história no Brasil, foi desenvolvido um minucioso Plano de Mineração Sustentável que, baseado nas melhores práticas em ESG (siga em Inglês para Ambiental, Social e Governança), guia as principais ações da companhia local e globalmente.
Um exemplo do que consta nesse documento é a meta de redução da emissão de gases do efeito estufa nas plantas operacionais (com previsão de neutralidade em carbono até 2040), o que possibilitou, por exemplo, a assinatura de contratos de compra e de autoprodução de eletricidade, em vista de uma matriz de energia elétrica 100% renovável no Brasil, marco alcançado pela Anglo American recentemente.
Por meio do plano também avançamos em um projeto de reuso de água do nosso mineroduto do Minas-Rio, que deverá ser uma das maiores iniciativas de reaproveitamento de água do Brasil, com um volume que poderá chegar a 0,3 metros cúbicos por segundo (m³/s) de água reutilizada.
Além disso, estamos investindo na recuperação das bacias hidrográficas do Rio Araguaia, em Goiás, e das nascentes do Rio Santo Antônio, em Minas Gerais, com o objetivo de garantir mais água e em melhor qualidade para as regiões onde atuamos.
Em relação ao reaproveitamento de resíduos da mineração, desenvolvemos um projeto de uso de escória de ferroníquel em obras de ampliação das rodovias de Goiás.
A iniciativa visa reduzir os impactos ambientais e também dar aplicação à escória, diminuindo a área necessária para estocagem dos resíduos gerados nas plantas industriais da mineradora em Niquelândia e em Barro Alto.
A ideia é uma alternativa às soluções tradicionais com incentivo à economia circular, onde os resíduos de uma indústria servem de matéria-prima reciclada para outra.
A expectativa é destinar 500 mil toneladas de escória nos próximos dois anos, com potencial de aplicação de 100% do material para construção de rodovias e ferrovias, até 2026.
Também podemos citar uma parceria entre o Instituto de Química Universidade Federal de Goiás (IQ/UFG) e a Anglo American, para cooperação técnica e científica, a partir da instalação e operação de uma planta piloto de lixiviação.
Trata-se de um laboratório no qual são reproduzidos os equipamentos e processos de uma planta industrial, mas em uma escala intermediária.
A ideia é a possibilidade de estudar alguns minérios que já foram extraídos, estão armazenados, mas não estão sendo utilizados pela companhia.
Com os testes que estão em desenvolvimento na planta piloto, a expectativa é encontrar meios para aumentar a produção de níquel e resolver alguns gargalos nos processos da empresa.
Toda essa efervescência tecnológica que já está sendo colocada em prática – além de trazer ganhos operacionais e econômicos para os negócios – contribui para toda uma cadeia de stakeholders.
Isso porque, um empreendimento sustentável, além de favorecer uma menor utilização de recursos naturais não renováveis, traz mais segurança operacional, maior vida útil para as plantas operacionais, melhor recuperação de áreas operadas, e até mais qualidade de vida para as comunidades que acolhem os empreendimentos minerais.
Trabalhar no presente para construir um futuro ainda mais sustentável: este é um caminho sem volta, no qual as práticas sustentáveis precisam, cada vez mais, ser adotadas em sua integridade, de forma constante, consciente e responsável, como parte do propósito das organizações, e em conexão aos objetivos e aos valores que dão sustentação à perenidade dos negócios”.
Cristiano Cobo é diretor Técnico e Sustentabilidade da Anglo American no Brasil