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Justiça decreta prisão preventiva dos 7 PMs de Niquelândia envolvidos em operação que terminou com 4 mortos entre Colinas do Sul e Cavalcante

Poder Judiciário da cidade de 10 mil habitantes, localizada na Chapada dos Veadeiros, acatou recomendações do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do MP após inquérito policial do Deic, da capital, apontar divergências entre o teor do registro da ocorrência e os fatos apurados durante as investigações do rumoroso caso, ocorrido em 20 de janeiro

O Poder Judiciário de Cavalcante decretou, na noite da sexta-feira/25, a prisão preventiva dos sete policiais militares de Niquelândia que participaram de uma operação que terminou com quatro mortos em suposto confronto com troca de tiros no último dia 20 de janeiro, na região da Chapada dos Veadeiros.

Na ocasião, como se sabe, quatro policiais do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) da PM de Niquelândia e outros três do serviço rotineiro receberam informação sobre a existência de uma plantação com 600 pés de maconha no Povoado de Rio Preto, a 35 quilômetros da área urbana de Colinas do Sul, em área limítrofe com Cavalcante.

De acordo com o requerimento elaborado pelo Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (NCAP) do Ministério Público de Goiás (MPGO) e pela Promotoria de Justiça de Cavalcante, os fatos narrados pelos PMs de Niquelândia no boletim de ocorrência não se sustentam diante das provas documentais, periciais e testemunhais obtidas até o momento.

O inquérito policial, que atesta essas informações, está em fase final de conclusão pela Delegacia de Investigação de Homicídios (Deic) em Goiânia.

No procedimento investigatório, os policiais militares afirmaram que sete pessoas na área nos limites de Colinas/Cavalcante não obedeceram aos comandos de rendição e efetuaram disparos de arma de fogo.

Os PMs teriam revidado, o que provocou a morte de quatro pessoas [Alan Pereira Soares, Ozanir Batista da Silva, Antônio Fernandes da Cunha e Salviano Souza Conceição] enquanto outras três conseguiram fugir.

No registro da ocorrência, os sete policiais informaram ter efetuado 58 disparos. A área onde ocorreu a ação, segundo o MP, tinha quatro metros quadrados.

Nesse local foram encontradas 11 espécies de plantas, sendo que apenas quatro eram de maconha, sempre de acordo com as investigações.

No pedido de prisão preventiva dos sete PMs lotados na 3ª Companhia Destacada da Polícia Militar (3ª CDPM) de Niquelândia [subordinada ao 14º BPM, com sede em Uruaçu] policiais militares, o MP sustentou que testemunhas foram procuradas por alguns dos militares envolvidos “em nítida tentativa de intimidação e ameaça, física e psicológica”, segundo o documento.

Por isso, o Poder Judiciário de Cavalcante entendeu que restrições de caráter meramente administrativo [como o afastamento dos PMs de suas atividades nas ruas, determinado no dia 24 de janeiro pelo Comando Geral da PM, na capital] estavam se mostrando insuficientes para garantir a normalidade da instrução criminal do processo; e ineficazes para resguardar a integridade física das pessoas que presenciaram a ação dos militares no dia 20 do mês passado.

Por outro lado, boa parte da população de Niquelândia mostrou-se temerosa e preocupada com o afastamento dos PMs na ocasião, pelo entendimento de que o trabalho do GPT era de fundamental importância à manutenção da Segurança Pública em Niquelândia.

Diante desse cenário de apreensão, um movimento apartidário convocado às pressas pelas redes sociais resultou numa carreata pró-GPT na manhã do sábado, dia 29 de janeiro, pelas principais ruas da cidade do Norte do Estado.

Na oportunidade, população e diversas entidades classistas pediam, à Secretaria Estadual de Segurança Pública, que os militares que agora tiveram sua prisão preventiva decretada voltassem ao trabalho preventivo e ostensivo no município de 47 mil habitantes.

Antes disso – logo após o desfecho que culminou com as quatro mortes na operação – um protesto realizado foi realizado na Vila de São Jorge, em Alto Paraíso de Goiás, no dia 23 de janeiro, um domingo.

O vereador e agente de investigação da Policia Civil de Niquelândia, Erlandsson Bonfim de Sena, revidou o manifesto e disse, no dia 29 de janeiro, que a movimentação em São Jorge havia sido feita “por um bando de maconheiros, a serviço do tráfico”, nas palavras dele.

Ainda na noite de ontem, os sete policiais de Niquelândia foram recolhidos à sede do quartel do 1º Batalhão da Polícia Militar (1º BPM), mais conhecido como Batalhão Anhanguera, no Setor Marista em Goiânia.

A legislação específica para esses casos prevê que PMs sejam presos em estabelecimento da própria corporação – separado dos demais presos comuns – com a finalidade de resguardá-los em sua integridade física, por razões óbvias.

NOTA DA REDAÇÃO– O Portal Excelência Notícias manterá, em sigilo, os nomes dos sete PMs de Niquelândia envolvidos no rumoroso caso, comprometendo-se futuramente com essa divulgação quando houver manifestação formal do Poder Judiciário de Cavalcante pela absolvição ou condenação dos militares.

[Com informações da Assessoria de Comunicação Social do MP, em Goiânia]

No dia 29 de janeiro, após movimentação nas redes sociais, população de Niquelândia pediu volta do policiamento do GPT na cidade do Norte do Estado: protesto acabou sendo em vão [Foto: Arquivo/Portal Excelência Notícias]
 

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