Opinião

OPINIÃO – O desserviço da Assessoria de Comunicação da PM na capital com a imprensa de Niquelândia

Euclides Oliveira

“O assassinato do cabo do Bope Paulo Vitor Coelho de Campos e a posterior morte do criminoso Fábio Bernardo dos Santos nesta terça-feira/11, na zona rural de Niquelândia, escancararam mais uma vez um problema crônico: a dificuldade de acesso à informação quando o assunto envolve casos de repercussão estadual em nossa cidade.

Enquanto a população local buscava respostas e detalhes sobre o caso, a Assessoria de Comunicação da Polícia Militar (PM/5) em Goiânia soltou uma nota rasa, sem informações suficientemente claras que ajudassem a imprensa de Niquelândia a informar corretamente o público.

O resultado? Fomos obrigados a recorrer a veículos da capital, que, mesmo distantes do cenário dos fatos, conseguiram apurar melhor os acontecimentos.

As rádios 104,7 FM, Mantiqueira 92,3 FM e o Portal Excelência Notícias foram transformados em meros espectadores de noticiários televisivos de Goiânia, embora todos os três veículos de comunicação – efetivamente consolidados e respeitados em Niquelândia –  possuam aparato e profissionalismo suficiente para atender uma demanda jornalística dessa magnitude.

As duas emissoras de rádio, inclusive, poderiam disponibilizar horário para algum oficial graduado da PM conceder uma entrevista ao vivo aos radialistas locais.

Este Portal Excelência Notícias, por seu turno, poderia repercutir essa eventual entrevista com uma matéria jornalística formal e robusta, pois tem grande alcance e conta com o trabalho um jornalista formado com 26 anos no exercício da profissão.

Todos os três veículos citados estão muito longe de serem “páginas de fofocas” do Instagram, pois nasceram muito antes da popularização das redes sociais.

É importante ressaltar que o comando da 11ª Companhia Independente da Polícia Militar (11ª CIPM), sediado em Niquelândia, deu apoio à operação mas não podia se manifestar formalmente sobre o ocorrido, obviamente por questões hierárquicas.

Essa limitação apenas agravou a dificuldade no relacionamento com a imprensa, já que o contato com a assessoria da PM na capital se mostrou irrisório diante da gravidade do caso.

Essa falta de interesse da PM/5 em indicar uma fonte oficial que pudesse comentar o assunto não só prejudica o trabalho da imprensa local, como também afasta a própria comunidade dos acontecimentos que impactam diretamente sua segurança.

Afinal, quem melhor para relatar o que ocorre em Niquelândia do que os profissionais de imprensa que vivem e trabalham aqui?

O desprezo da PM da capital com a mídia regional enfraquece a cobertura jornalística e abre espaço para desinformação e especulações.

As coletivas de imprensa são somente realizadas em Goiânia – portanto, absolutamente verticalizadas – sem que a imprensa local tenha acesso às mesmas informações pela impossibilidade de deslocar-se 300 quilômetros para fazer perguntas às autoridades que trabalham nessas operações.

A Assessoria de Comunicação da PM (PM/5), em Goiânia, precisa entender que o direito à informação é da sociedade, e que veículos locais – não apenas de Niquelândia, mas de todas as regiões geográficas do nosso Estado – não podem ser tratados com desdém, recebendo apenas notas oficiais extremamente limitadas.

Se a Segurança Pública de Niquelândia é uma prioridade para o Comando da PMGO, a comunicação com a imprensa local também precisa ser feita com respeito e isonomia em relação ao tratamento dispensado aos meios de comunicação sediados na capital.

Em tempo: a imprensa de Niquelândia registra também o seu profundo pesar pelo falecimento do policial do Bope durante missão oficial em nossa cidade, no cumprimento de seu dever.

Euclides Oliveira, proprietário deste Portal Excelência Notícias, é jornalista-residente em Niquelândia, membro da diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Goiás (Sindjor-GO), formado em 1999 pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep)

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