Agrodefesa intensifica inspeção fitossanitária para controle de pragas nas lavouras em Goiás
No ano passado, autarquia realizou 2.128 inspeções em lavouras de soja em Goiás, abrangendo 111 municípios: trabalho também foi feito em 47 lavouras de algodão, em 13 cidades e em 684 lavouras de milho, em 44 cidades, sem detecção da praga conhecida por caruru palmeri
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por meio da Secretaria de Defesa Agropecuária, publicou a Portaria nº 1.119, de 20 de maio de 2024, que instituiu o Programa Nacional de Prevenção e Controle da praga Amaranthus palmeri, popularmente conhecida por caruru palmeri, que atualmente está em trabalho de erradicação no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – Estados que fazem divisa com Goiás.
Desde 2015, quando foi registrado o seu aparecimento em lavouras do Mato Grosso, a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) adotou como parte de suas atividades a realização de inspeções fitossanitárias em lavouras de soja, milho e algodão, tendo como objetivo certificar que a praga não entre em solo goiano.
INSPEÇÕES FITOSSANITÁRIAS – Em 2023, a Agrodefesa realizou 2.128 inspeções em lavouras de soja em Goiás, envolvendo 111 municípios.
Apenas em cinco inspeções foram encontradas plantas consideradas suspeitas, mas após a análise, que leva em conta o sequenciamento genético, foi descartada a hipótese.
No mesmo período, o órgão oficial de defesa também realizou 47 inspeções em lavouras de algodão, englobando 13 municípios diferentes.
Em apenas uma propriedade foi encontrado um exemplar suspeito, que foi descartado após análise oficial.
Já nas lavouras de milho foram inspecionadas 684 propriedades em 44 municípios diferentes, sem detecção de plantas suspeitas.
RISCOS PARA PERDAS EM LAVOURAS – É importante entender que a Amaranthus palmeri é considerada uma planta daninha agressiva que pode causar grandes perdas no potencial produtivo da cultura onde ela se dissemina.
Por ser extremamente resistente aos herbicidas convencionais, se desenvolve rapidamente podendo atingir alturas superiores a dois metros.
Quando em competição com a cultura, durante todo o seu ciclo de desenvolvimento, pode ocasionar perdas de produtividade no milho superiores a 91%, 79% na soja e 77% em algodão, revelaram pesquisas.
“Por isso nós vamos seguir com nossa vigilância ativa e o trabalho de campo, que já é realizado há nove anos, de monitoramento nessas três principais culturas da economia goiana. A nova portaria também nos respalda, em seu Artigo 5º, a criarmos mecanismos de controle do acesso de maquinários vindos de outros estados para serem usados nas lavouras goiana. Temos nos debruçado nesta questão para encontrar a forma mais segura de permitir esse trânsito de máquinas, que pode facilitar a entrada desta praga quarentenária em Goiás”, explica a gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Daniela Rézio.
À época em que foram identificados os primeiros exemplares da Amaranthus palmeri no Brasil, estudos apontaram que sua introdução foi possibilitada pelo empréstimo de maquinários feito da Argentina.
O país vizinho, junto com os EUA, é um dos principais acometidos pela presença dessa planta nas lavouras.
VIGILÂNCIA ATIVA – Apesar de não ter sido identificada a presença da praga Amaranthus palmeri em solo goiano, a Agrodefesa incluiu como parte da fiscalização de campo, desde 2015, o levantamento fitossanitário para detecção da praga em lavouras de soja, algodão e milho.
Conforme explica o coordenador de Grandes Culturas da Agrodefesa, Mário Sérgio de Oliveira, a seleção das propriedades monitoradas diretamente levou em consideração:
- o histórico de importação de máquinas agrícolas provenientes dos Estados Unidos e da Argentina
- propriedades com fluxo de máquinas provenientes dos estados com ocorrência confirmada da praga
- proximidade com os estados onde a praga se faz presente
- propriedades com relatos de presença de plantas do gênero Amaranthus que apresentaram resistência a herbicidas
“O nosso trabalho consiste em inspecionar as propriedades de risco com vistas a certificar que a praga não foi introduzida”, explica Mário Sérgio.
De acrdo com o coordenador, diante da identificação de plantas do gênero Amaranthus, é feita a coleta seguindo os devidos protocolos de segurança e enviado para análise do Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), para o seu devido reconhecimento.
Mário Sérgio garante que até hoje, todos os exemplares testados não comprovaram ser da espécie palmeri, que é o mais agressivo deles.
A portaria que institui o programa determinou, em seu artigo 17, que os profissionais das ciências agrárias, na condição de assessores, assistentes, consultores, extensionistas, responsáveis técnicos, pesquisadores ou produtores rurais, devem notificar imediatamente o Órgão Estadual ou Distrital de Defesa Sanitária Vegetal sobre a primeira detecção ou suspeita de ocorrência de Amaranthus palmeri na propriedade.
SOBRE A PRAGA – A Amaranthus palmeri possui fácil disseminação, que se dá pela produção de sementes em grande volume.
Pesquisas científicas chegaram a verificar que uma planta, em período de floração, chega a produzir de 100 mil a 1 milhão de sementes.
Portanto, nos Estados onde a praga está presente, é indicado para as plantas em estágio de floração que, seus exemplares, após serem arrancados dentro dos parâmetros, sejam incinerados.
Já as plantas que não se encontram neste estágio, devem ser eliminadas apenas com a sua extração e descarte.
“A entrada da praga no estado pode aumentar o uso de herbicidas, onerar o custo de produção e ocasionar prejuízos para a agricultura goiana”, conclui Mário Sérgio. [Informações da Assessoria de Imprensa da Agrodefesa, em Goiânia]