Uma década após deixar prefeitura, Ronan Batista deflagra pré-campanha às eleições de outubro pelo PRD em Niquelândia

Após quase 12 anos afastado da vida pública, o ex-prefeito Ronan Rosa Batista anunciou oficialmente sua pré-candidatura à chefia do Poder Executivo de Niquelândia em evento realizado na região central da cidade do Norte do Estado na manhã deste sábado/23. Ele completará 60 anos em setembro.

Cercado por populares e diversas lideranças políticas – sempre ladeado pela advogada e ex-primeira-dama Gracilene Batista – Ronan Batista fez um discurso aguerrido; apresentou nomes de possíveis pré-candidatos por sua nova base de apoio; e assinou ficha de filiação ao Partido da Renovação Democrática (PRD).

Em Goiás, a legenda pela qual Ronan deve disputar as eleições em outubro é presidida pela deputada federal Magda Mofatto, aliada de longa data do ex-prefeito.

Criado no final de outubro de 2022 a partir da fusão do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) com o Patriota, o PRD foi oficializado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em novembro de 2023.

A presença de Magda no município acabou sendo cancelada à última hora em função do mau-tempo em Anápolis, o que impediu que a deputada seguisse viagem até Niquelândia em seu helicóptero particular.

HISTÓRICO – A trajetória política de Ronan Rosa Batista em Niquelândia teve seu início nas eleições municipais de 2004, ocasião em que chegou ao cargo de vice-prefeito pelo PSB na chapa encabeçada pelo falecido ex-prefeito Joaquim Tomaz de Aquino (PSDB).

Ronan nunca havia disputado cargos públicos, enquanto Joaquim Tomaz havia sido prefeito pela primeira vez entre 1983 e 1988; e deputado estadual entre 1992 e 1995, período este em que licenciou-se do cargo por um curto período para se tornar secretário estadual de Segurança Pública do então governador Íris Rezende.

Porém, alguns meses após a posse de Joaquim Tomaz e Ronan, os dois romperam politicamente. No segundo semestre de 2005, uma Comissão Processante de Inquérito (CPI) foi instalada na Câmara Municipal de Niquelândia para apurar irregularidades na gestão do então chefe do Executivo.

Joaquim Tomaz acabou tendo seu mandato cassado pelo Legislativo e Ronan assumiu a Prefeitura de Niquelândia em janeiro de 2006. Posteriormente, Ronan migrou para o PTB.

Durante dois anos e três meses, a cidade do Norte do Estado vivenciou intenso embate judicial entre Ronan e Joaquim Tomaz para definir quem ficaria de vez com o cargo.

O vai e vem de recursos na Justiça, no entanto, somente foi encerrado em abril de 2008 com a morte de Joaquim Tomaz.

Com a vacância do cargo, Ronan Batista foi empossado em caráter definitivo no cargo de prefeito de Niquelândia, disputou novo mandato e acabou reeleito nas eleições municipais daquele ano, permanecendo à frente do município até o final de 2012.

Para os moradores da cidade, de uma forma geral, o excelente desempenho de Ronan entre 2006 e 2008 não se repetiu em seu governo nos quatro anos seguintes.

Nesse segundo período, como se sabe, o então prefeito enfrentou uma série de desgastes políticos e administrativos dentro da própria gestão e por influência de seus opositores à época.

O DISCURSO DE RONAN, UMA DÉCADA DEPOIS – Anunciado pelo radialista Oesley Santos como “o prefeito fazedor de obras”; como “o último prefeito que entregou casas populares em Niquelândia”; como “o último prefeito que deu bolsas de estudo e transporte para os alunos universitários”; como “o prefeito que mais asfaltou bairros e povoados na Capital do Níquel”; como “o prefeito que deixou um grande legado”; que “mais uma vez coloca seu nome à disposição para a reconstrução da nossa história”; e para “a reconstrução do nosso município” – sempre de acordo com as palavras do locutor – Ronan Rosa Batista alicerçou seu primeiro pronunciamento como pré-candidato em seu poder de persuasão, bem ao estilo que o caracterizou nos seis anos que governou o município, após um longo período fora dos holofotes.

EX-PREFEITO SE DISSE PERSEGUIDO – “Talvez, no Brasil, ninguém foi tão perseguido como eu. Sou bom em muita coisa, Deus me deu muita coisa boa, mas eu não nasci para a guerra, para brigar ou falar mal dos outros. Eu não vou aqui discursar, eu vou declarar o amor que tenho por essa cidade, o amor que tenho pelo meu povo. A Gracilene vetou minha pré-candidatura, ela não queria que eu disputasse de novo. Eu jamais iria contra ela, mas eu não consigo viver e ser feliz totalmente sem o meu povo. Eu nasci pra isso (ser político) e gosto de fazer isso. Nesses doze anos fora da política, sofri todo tipo de dificuldade. Porém, não podemos mais permitir que se mate a esperança do povo pobre. Para mim, não existe cheiro de suor, não. Esse cheiro de povo me alimenta. Não estou apenas mais velho, mas também mais forte, com muita vontade de trabalhar e fazer muito por Niquelândia. Gosto de levantar às 4 horas da madrugada, descendo a (avenida) Getúlio Vargas, tomando café com os garis. Coloquem a Educação e a Saúde nas minhas costas, que eu dou conta de carregar”, afirmou Ronan Batista, diante de um excelente público na tenda montada junto ao prédio da Câmara Municipal.

Ronan agradeceu, em especial, dois políticos que o convenceram a retomar sua vida pública em Niquelândia e lançar sua pré-campanha a prefeito do município: Celino Correia (presidente do PRD local), que foi vice-prefeito de Niquelândia entre 2017 e meados de 2018; e o ex-vereador Jesus Ferreira França, que se elegeu por dois mandatos na Câmara Municipal após ter trabalhado como chefe de Gabinete da Prefeitura de Niquelândia na gestão do ex-prefeito.

“Eu sei pedir votos, nós temos um legado, mas faltava-me alguém para articular e correr atrás (das lideranças) e o Celino e o Jesus estão fazendo muito bem esse trabalho para mim, montando nossa chapa de pré-candidatos a vereadores”, completou o pré-candidato Ronan Batista.

“TIVEMOS MAIS ACERTOS DO QUE ERROS NA NOSSA GESTÃO”, DIZ GRACILENE AO PORTAL EXCELÊNCIA NOTÍCIAS

Em 2010, durante seu segundo mandato como prefeito, Ronan lançou a então primeira-dama Gracilene Batista à disputa de um mandato de deputada estadual pelo PTB, partido que o chefe do Executivo também era filiado.

Quinta suplente da coligação na ocasião, Gracilene atuou por cerca de um ano na Assembleia Legislativa de Goiás após articulação política de Ronan com o então governador Marconi Perillo (PSDB), que escolheu deputados eleitos à época para ocuparem várias secretarias estaduais.

Dada a visibilidade alcançada, Gracilene lançou-se candidata a prefeita de Niquelândia em 2016, terminando em segundo lugar no pleito vencido pelo então candidato e agora ex-prefeito Valdeto Ferreira.

Ao Portal Excelência Notícias, na manhã deste sábado/23, a ex-primeira dama disse que, em função da experiência adquirida nos últimos anos na carreira jurídica, sua postura será de acompanhar bem mais de perto a gestão municipal, caso Ronan Batista ocupe novamente o cargo de prefeito.

Em 2006, recém-aprovada num concurso público para o Poder Judiciário, Gracilene pediu exoneração do cargo para acompanhar o marido à frente da prefeitura.

Gracilene, na entrevista, também comentou as conversas no âmbito familiar sobre o assunto, em função das dificuldades e intensa exposição que a vida pública representa.

AMOR DE RONAN PELAS PESSOAS – “Seria, novamente, uma grande responsabilidade e um grande desafio, que eu não preciso citar, até porque o município de Niquelândia é o maior em extensão territorial do Estado. Mas o Ronan tem um amor imenso pela cidade, pelo público e pelas pessoas que precisam e necessitam. É o sonho dele (voltar à prefeitura). Eu sempre digo, para ele, sobre a ajuda que ele já deu (quando prefeito) para milhares de pessoas, mas ele sempre me diz que ‘ainda há muito para ser feito’; que ‘nasceu para isso’; e que ‘está pronto, mais do que nunca’. Temos o nosso filho, as três filhas do Ronan, sentamos, conversamos e decidimos apoiá-lo e estarmos junto, de coração, nesta pré-campanha, na futura campanha e em nossa eventual administração”, comentou a ex-primeira dama de Niquelândia.

Ainda de acordo com Gracilene Batista, todas as administrações que passaram pela Prefeitura de Niquelândia tiveram pontos positivos e negativos; e que, no entendimento dela, a gestão do ex-prefeito Ronan Batista teve mais acertos do que erros no contexto geral dos seis anos que o casal esteve à frente do município, já que ela também foi secretária municipal de Assistência Social e Cidadania.

AMADURECIMENTO – “Por isso, eu entendo que essa também será a avaliação das pessoas este ano, de que o Ronan acertou mais do que errou. E, também, levando-se em consideração que, de 2012 para cá, o Ronan amadureceu muito; eu também amadureci muito. Esse é um processo natural para que possamos voltar melhores (para a prefeitura) com mais conhecimento e mais capacidade. O que permanece, em mim e no Ronan, é o amor pela causa”, completou Gracilene.