“ACIN COM ELAS” destaca empreendedorismo feminino em Niquelândia no Dia Internacional da Mulher
Associação Comercial e Industrial de Niquelândia (Acin), que é também é presidida por uma mulher, organizou farto café da manhã com duas importantes palestras às empresárias da cidade do Norte do Estado nesta quarta-feira/8
A Associação Comercial e Industrial de Niquelândia (Acin) realizou na manhã desta quarta-feira (8), por ocasião do Dia Internacional da Mulher, uma linda homenagem às empresárias que fomentam a economia e geram empregos na cidade do Norte do Estado, nos mais diversos ramos de atuação.
Segunda mulher a presidir a entidade classista em Niquelândia, Fernanda Rodrigues Melo comandou a abertura do evento “Acin Com Elas”, nome mais do que sugestivo à data de hoje, com apoio do Serviço Brasileiro de Assistência à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) em Goiás.
Pouco antes disso, a presidente da Acin recepcionou as empresárias locais com farto café da manhã seguido de duas palestras alicerçadas no tema “Aprendendo a Lidar com os Desafios de ser Empresária, Mãe e Esposa”. Ou seja, que exaltaram o árduo desafio de conciliar o empreendedorismo feminino com a vida em família.“Nós somos ‘protegidas’ e pegamos um pouco da sabedoria que Deus nos passa, todos os dias. Temos aqui hoje mulheres que têm lutado tanto – a dona Perpétua [Antonia Gomes Pessoa, educadora aposentada e ex-secretária de Educação de Niquelândia] é um exemplo, um espelho para mim, desde o tempo em que tínhamos ainda menos mulheres nessa nossa luta. Não é que o homem não saiba fazer, pois não precisamos diminuí-los para crescermos, mas é a sensibilidade de nós, mulheres, que fazem as coisas acontecerem de forma mais tranquila e harmônica”, afirmou a presidente da Acin.
Dona de uma comunicação persuasiva, a consultora da Regional Norte do Sebrae em Porangatu nas áreas de empreendedorismo, marketing e vendas, Adriane Pires, iniciou sua palestra demonstrando bom humor para o público feminino que a assistia.“Falar de mulher para mulher é mais desafiador ainda, porque antes mesmo de eu começar a falar vocês já me avaliaram de cima em baixo, viram que meu cabelo tem ‘chapinha’, que preciso retocar a (escova) progressiva; e a colega que está lá no fundo já viu também que a minha unha do dedo mindinho está com o esmalte descascado. Uma outra aqui já deve ter visto que minha blusa está amarrotada e avaliado se o meu sapato combinou com minha roupa”, comentou a palestrante, arrancando risos das empresárias niquelandenses.
Brincadeira à parte, a consultora do Sebrae disse que a resiliência – saber lidar com os obstáculos – é o termo que melhor define as mulheres pois, ao se depararem com um problema, não ficam prostradas diante dele e superam as dificuldades dentro de casa ou na empresa sempre com um sorriso no rosto.
“Se você quer que algo dê certo, entregue isso na mão de uma mulher. A chance de isso dar certo é muito maior, pois a mulher vai até o fim, é determinada, corajosa. Falar de mulher é falar de pessoas que não desistem. Quando eu vejo uma pessoa em situação de rua penso que ela se entregou à bebida, às drogas. Porém, uma pesquisa mostrou que 85% dos moradores de rua em São Paulo são homens. As mulheres, ao contrário, sempre buscam forças para continuar”, exemplificou Adriane.
EMPODERAMENTO E ADOECIMENTO – Quem também ministrou palestra no evento ‘Acin com Elas’ foi a psicóloga Evely Godoy, destacando que o desafio de ter se tornado mãe a fez compreender ainda mais o real empoderamento que a maternidade proporcionou para ela.“Cada mãe se despedaça cada dia um pouquinho, seja quando sai para trabalhar, ou quando leva o filho consigo para o trabalho. Mas cada pedaço que deixamos da gente nos traz uma fortaleza inimaginável, por incrível que pareça; e o desafio de nos reconstruirmos, todos os dias. Os homens não entenderiam essa minha fala”, disse a psicóloga.
Ainda de acordo com Evely, o empoderamento feminino – bastante comentado nos dias atuais – é importante ser destacado porque as mulheres de fato assumiram muitas funções importantes que eram predominantemente masculinas num passado não muito distante.
Porém, segundo ela, muitas coisas sobre esse empoderamento ainda precisam ser revistas pois o adoecimento de mulheres perfeccionistas e com excessiva carga de atribuições é uma realidade negativa num universo de tantos avanços femininos.
“Podem até dizer que estou fazendo uma avaliação pessimista sobre todas as nossas conquistas, mas jamais eu faria isso. Sou mulher, sou negra, sou órfã de pai e mãe e sei os desafios que enfrentamos numa sociedade ainda extremamente preconceituosa com as funções que hoje desempenhamos, principalmente com a diferença salarial entre homens e mulheres, por mais que nós façamos o mesmo trabalho com maestria”, detalhou a psicóloga.Evely Godoy exemplificou, ainda, que tamanha gama de desafios para as mulheres às colocam como equilibristas numa corda bamba a exemplo dos artistas circenses, sempre buscando a impossível tarefa de serem perfeitas em tudo o que fazem no seu dia a dia.
Para a profissional de saúde mental, é igualmente necessário às mulheres autênticas desenvolverem a capacidade de se aceitarem imperfeitas no dia em que as unhas estiverem descascadas, como foi citado pela consultora do Sebrae.“Precisamos nos desprender de coisas tão pequenas, pois já nos ocupamos com tantos problemas. A partir do momento que recebo uma crítica por causa de uma unha, eu posso sim estragar meu estado emocional naquele dia. Todas nós carregamos nossas dificuldades e limitações e, por isso, precisamos desenvolver nosso amadurecimento para não nos sentirmos menos empoderadas ou menos importantes. É preciso que, diante de uma rotina cansativa, todas nós façamos um processo reflexivo através do autoamor, da autocompaixão e da autopercepção de como estamos gerindo a nossa vida”, explicou Evely, durante o evento na sede da Acin.