Sindicato Rural cria comissão específica para assistir e dinamizar pecuária leiteira em Niquelândia
Lucratividade do pequeno produtor de leite, na comparação com o preço do produto vendido nos supermercados, chega a ser quase três vezes menor este ano em termos percentuais
Produtores rurais vinculados à Cadeia da Bovinocultura de Leite reuniram-se recentemente no Sindicato rural de Niquelândia para a instalação da Comissão Técnica de Pecuária de Pecuária de Leite, presidida desde então por Adenilson Pereira Bernardo.
De acordo com o presidente da entidade, Diego Coelho, as Comissões Temáticas Permanentes servem à discussão dos problemas enfrentados e possíveis soluções que promovam a sustentabilidade dos mais variados ramos de atividade do agronegócio no município.
“Com as comissões, montadas unicamente com produtores de uma atividade específica, o trabalho nesse sentido deixa de ser superficial. E essas comissões passam a ganhar, com o apoio e o peso do nosso sindicato, um trabalho mais dinâmico e de execução factível através de cada um de seus coordenadores”, explicou Diego.
No caso específico da pecuária leiteira, detalhou o presidente do Sindicato Rural de Niquelândia, as constantes variações do preço do leite in-natura revendido pelo produtor aos principais laticínios do Estado acentuam a falta de previsibilidade de maior ou menor lucro com a atividade.
“No período chuvoso, principalmente, o preço do leite cai por conta da alta disponibilidade do produto no mercado. Porém, o custo de produtor no mesmo período sobe muito principalmente diante da questão da logística [do escoamento do leite aos grandes centros consumidores] que é um problema comum em todas as atividades, mas que podemos identificar de forma mais categórica com o trabalho dessa comissão”, detalhou o líder sindical.
Ainda de acordo com Diego Coelho, existem relatos de produtores de leite em Niquelândia que operaram com suas contas “no vermelho” – ou seja, com saldo negativo – para se segurarem na manutenção da atividade na expectativa de que o preço subisse acima da média nos meses seguintes para cobrir prejuízos acumulados com o volume excessivo de chuvas.
“Aqueles que não tinham ‘caixa’ [reservas financeiras] tiveram que sair da atividade, o que se torna bastante ruim pois estamos falando da segurança de negócios. São negócios rurais que estão funcionando de uma determinada forma mas que às vezes – pela dinâmica de mercado, falta de infraestrutura ou qualquer outro fator que assole esse produtor – o produtor se retira da pecuária leiteira. Dependendo do tamanho da propriedade, isso impacta também a geração de empregos e de renda àquela família produtor; e também impacta a geração de divisas para o nosso município”, comentou o presidente do Sindicato Rural de Niquelândia.
PRODUTORES X SUPERMERCADOS – Diante dessa conjuntura bastante complexa, o Portal Excelência Notícias questionou Diego Coelho se o percentual de aumento nos preços do litro revendido pelo produtor aos laticínios equiparou-se ou não às altas do produto vendido pasteurizado em caixinhas, nos supermercados. Mas a informação não foi nada animadora porque a conta não fecha.
“Eles [os produtores] estão tendo algum lucro, mas não exatamente à altura do preço que encontramos no leite na gôndola do mercado. O preço esteve subindo também para o produtor rural mas, se compararmos os percentuais aplicados nos supermercados [o IBGE aponta que o leite subiu 57% para o consumidor final, em 2022], o reajuste do produtor, para os laticínios, não passou da casa dos 15% a 20%. Se levarmos também em consideração o custo de produção em função do preço dos combustíveis – que agora estão sofrendo uma queda, porém o diesel chegou a um patamar mais alto que a gasolina – sendo ele o principal combustível para o transporte desse produto”, detalhou o presidente do Sindicato Rural de Niquelândia, na manhã da última terça-feira/23.