Bispo de Uruaçu prioriza romeiros e evita polemizar com políticos durante sermão no Santuário do Muquém

Bispo da Diocese de Uruaçu há quase dois anos, dom Giovani Carlos Caldas Barroca celebrou pela primeira vez, neste feriado municipal da segunda-feira/15 em Niquelândia, a tradicional Missa Solene das 9h no Santuário de Nossa Senhora da Abadia, no Povoado do Muquém, distante 45 quilômetros da área urbana do município.

Diferentemente de seus antecessores à frente da diocese –os bispos eméritos dom Messias dos Reis Silveira e dom José da Silva Chaves – o atual bispo de Uruaçu optou por um sermão totalmente voltado para assuntos religiosos.

Não houve margem, este ano, para comentários ácidos sobre temas delicados e sensíveis: em romarias passadas, Dom Messias criticou os políticos ‘abortistas’ sobretudo em períodos eleitorais, como este atual, de 2022.

Nem mesmo o tradicional assento junto ao altar para a maior autoridade do Estado – neste caso, o governador Ronaldo Caiado (UB) – foi garantido pela Diocese de Uruaçu.

Candidato a reeleição, Caiado teve o mesmo tratamento igualitário dado por dom Giovani às autoridades políticas presentes com ou sem mandato: sentar-se na primeira fila com visão privilegiada da celebração que, para desespero dos católicos mais fervorosos, ficou conhecida pejorativamente como “Missa dos Políticos”.

O governador esteve acompanhado pelo candidato a vice-governador Daniel Vilela, presidente estadual do MDB; pelos deputados federais Francisco Júnior (PSD) e Waldir Soares de Oliveira, o popular Delegado Valdir (UB), que é candidato ao Senado; e pelo senador Luiz do Carmo (MDB).

As autoridades mencionadas foram recebidas no aeroporto da cidade do Norte do Estado pelo prefeito de Niquelândia, Fernando Carneiro (PSD); pela primeira-dama e secretária de Assistência Social, Juliana Alves Campos; pelo vice-prefeito Carlos Roberto Oliveira, o Carlos da Líder (UB); e demais figuras públicas do município.

Sem que fosse dado a Caiado o direito ao discurso público no microfone – como sempre foi praxe, no Muquém – o agradecimento do bispo de Uruaçu ao governador foi feito somente nos instantes finais da missa.

Na ocasião, dom Giovani destacou seus dois encontros com Caiado em Pilar de Goiás e em Goiânia quando pediu apoio do Governo de Goiás e da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) à realização da 272ª edição da Romaria do Muquém.

Assim sendo, o bispo reverenciou preferencialmente a devoção do romeiros em Nossa Senhora da Abadia que voltavam após 2 anos ao segundo maior evento da Igreja Católica em Goiás – realizado com o tema “Maria Acompanha Meu Regresso à Romaria” – por causa do cancelamento motivado pela pandemia da Covid-19.

TESTEMUNHOS RICOS – “Estou aqui desde o dia 5- visitando as barracas, os acampamentos – e vi histórias lindas que eu, sem falar nada, ficava só ouvindo. Aprendi muito. Que Fé! Pessoas me dizendo que a bisavó vinha [ao Muquém]; que depois passou [essa tradição] para a avó; e depois, para os pais. Eu vou questionar essa Fé em Deus, por intercessão de Maria? Estamos felizes e vamos pedir para o Espírito Santo nos ungir com vida nova. Se nós viemos ao Santuário, temos que sair daqui com a disposição de mudar de vida, de ser alguém melhor. Viva Nossa Senhora da Abadia!!!!!”, afirmou dom Giovani, no último trecho de seu sermão de 25 minutos, no Muquém, ladeado pelo padre Aldemir Franzin.

Além dos políticos-aliados a Caiado, participaram da celebração do Muquém – sentados em lado oposto ao do governador – o candidato ao governo Gustavo Mendanha (Patriota), ex-prefeito de Aparecida de Goiânia; o candidato a vice da chapa, o ex-deputado federal Heuler Cruvinel; a deputada federal Magda Mofatto (PL); o deputado federal João Campos (Republicanos) candidato ao Senado; e o presidente da Associação Goiana dos ex-Prefeitos de Goiás (AGEXP), Ronan Rosa Batista.

Ex-prefeito de Niquelândia por dois mandatos, Ronan foi o único do grupo que se dirigiu até Caiado para cumprimentar o governador e demais autoridades que o acompanhavam.