Assassino de contador fica ‘mudo’ em depoimento à PC, mas será indiciado por latrocínio e destruição de cadáver em Niquelândia
Cássio Arantes do Nascimento, delegado do GIH, disse que conjunto de provas contra Willik Muriel é bastante robusto; e que criminoso poderá ser condenado com pena de 20 a 30 anos de prisão pela morte de Niltinho
Entrou mudo e saiu calado. Esse é o resumo do depoimento formal de Willik Muriel Teixeira Dutra à Polícia Civil de Niquelândia na tarde da segunda-feira/13, três dias após ser preso em Vitória/ES pelo assassinato do contador Nilton de Paula Ferreira.
Eles mantinham relações sexuais de forma esporádica, algo desconhecido até então pela família de ambos.
A vítima tinha 41 anos e foi morta pelo rapaz, de 19 anos, em sua própria casa no Bairro Soares, na madrugada do último dia 21 de maio.
O crime chocou a população da cidade do Norte do Estado, na tarde do mesmo dia.
Niltinho, como era conhecido o contador, foi enforcado com o próprio cinto por Willik após uma discussão, por motivos que seguem desconhecidos.
Ele foi encontrado nu da cintura para baixo, no quintal de sua casa; e teve o corpo parcialmente queimado no rosto e na região genital.
O carro do contador, um Fox branco, foi completamente incendiado por Willik num terreno na saída da GO-237.
Câmeras de segurança de um posto de combustíveis registraram a passagem do veículo na Avenida Brasil, no dia do crime.
Segundo o delegado-titular do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), Cássio Arantes do Nascimento, a principal suspeita para o crime seria uma forte discussão entre o autor e a vítima, após o consumo de bebidas alcóolicas.
Todavia, quando da prisão de Willik no aeroporto da capital capixaba, a PC localizou anéis, correntes e um relógio de ouro do contador na mochila do assassino.
Ele embarcaria para outra localidade, fazendo uso de um RG verdadeiro de uma outra pessoa.
Da casa de Niltinho, em Niquelândia, o criminoso roubou cerca de R$ 10.000,00 em espécie. A destinação desse dinheiro segue sob investigação sigilosa do delegado Cássio Arantes.
SILÊNCIO DO AUTOR NÃO INVALIDA PROVAS – Segundo o delegado, Willik não tem nenhuma obrigação de falar e de produzir provas contra si próprio nem para a Polícia Civil e nem para o Poder Judiciário, quando dos interrogatórios. Trata-se de um direito assegurado pela Constituição Federal e também pelo Código de Processo Penal (CPP).
“Todavia, isso não prejudica o trabalho de investigação que fizemos até aqui, de maneira alguma. Nós temos um conjunto de provas muito robustas contra ele (Willik) acerca dos fatos e como esses fatos aconteceram. Inclusive, o fato dele ter sido preso em Vitória com os pertences do Niltinho deixou muito claro, para mim, que o enquadramento do autor será mesmo pela prática de latrocínio [matar para roubar] que é um crime contra o patrimônio, ainda mais grave que o homicídio qualificado, baseado naquilo que já é de conhecimento público e também em outras provas que ainda estou mantendo sob sigilo”, detalhou o delegado Cássio Arantes.
Fora isso, segundo a autoridade policial, Willik também deverá responder processo pelo crime de destruição de cadáver pelo fato de ter ateado fogo ao corpo do contador assassinado.
Como isso motivou que o caixão de Niltinho permanecesse fechado durante seu velório, o criminoso provocou sofrimento adicional aos parentes e amigos do contador durante a madrugada e manhã do último dia 22 de maio, quando ele foi enterrado no Cemitério Municipal São José.
Pelos dois crimes, Willik deverá, se condenado, pegar uma pena entre 20 a 30 anos de prisão.