Morte de adolescente de 16 anos reacende debate sobre interdição do ‘Café Muquém’ em Niquelândia
Kauan Enrique Pereira dos Santos foi achado morto por volta das 2 horas da madrugada da segunda-feira/28 no Café Muquém: PM diz que fechamento do local não é da competência da corporação e prefeitura garante que irá discutir o assunto no decorrer desta semana
O eventual assassinato de Kauan Enrique Pereira dos Santos – de 16 anos, achado morto por volta das 2 horas da madrugada da segunda-feira/28 – reacendeu o debate sobre a necessidade ou não de interdição de um famoso ponto de concentração de pessoas onde há consumo excessivo de drogas, bebidas alcóolicas com som automotivo às margens da rodovia GO-237, bem próximo da área urbana de Niquelândia.
De acordo com o tenente Flávio Taveira Guimarães, atual comandante da Polícia Militar da cidade do Norte do Estado, existe uma grande confusão, por parte da população, sobre de quem seria a responsabilidade da medida, que poderia prevenir novos crimes no local.
Isso sem contar a aglomeração de pessoas, já que a pandemia da Covid-19 ainda não acabou.
“A PM sempre está apoiando as equipes da Vigilância Sanitária e da Fiscalização de Posturas em suas respectivas atribuições. Já recebemos várias denúncias sobre o que ocorre no Café Muquém; e nossas viaturas sempre deslocam quando solicitadas. Muitas pessoas nos procuram argumentando porque não fazemos a interdição do local. Porém, essa eventual interdição não é da competência da PM, mas sim da Prefeitura de Niquelândia”, afirmou o tenente Taveira.
De acordo com o oficial da PM, como o estabelecimento está localizado numa rodovia estadual [no trevo de interligação da GO-237 com a GO-532, na direção da mineradora da Anglo American], a administração do prefeito Fernando Carneiro (PSD) também já foi orientada a pedir ao comando do 3° Batalhão da Polícia Militar Rodoviária (3º BPMRv), que possui uma base em Uruaçu, para que se faça mais presente nas imediações do local.
“Nós [a PM] também informamos à Prefeitura de Niquelândia a fazer uma consulta formal à Goinfra [Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes, autarquia do Governo de Goiás] para que a municipalidade possa saber se a construção [do imóvel do Café Muquém] foi devidamente autorizada; ou se a ‘faixa de domínio da rodovia’ foi ocupada irregularmente por esse ponto comercial”, completou o comandante da PM de Niquelândia.
Faixa de domínio, explicou Taveira, é o nome técnico usado para delimitar as áreas laterais às pistas, que pertencem ao Estado.
Ou seja, a faixa de domínio é um patrimônio público assim como a rodovia, sendo assim de responsabilidade exclusiva do Estado, através da Goinfra.
A RESPOSTA DA PREFEITURA – “De fato, por tratar-se ali de uma rodovia estadual, a PM não pode intervir. Porém, o alvará de funcionamento nós podemos fornecer, enquanto município. O que eu sei efetivamente, nesse momento, é que eles [o Café Muquém] descumpriram o decreto [de prevenção à Covid-19] pelo som automotivo; e também pela aglomeração. Foram arbitradas as devidas multas ao estabelecimento, uma vez que a Vigilância Sanitária esteve lá por duas vezes anteriormente, orientando-os sobre essa situação. Com relação ao horário de fechamento, eles nunca passaram das 3 horas da madrugada, que estipulamos para os bares. Sobre uma eventual interdição, eu ainda não tive oportunidade de conversar com o prefeito e com os assessores jurídicos sobre esse assunto, por estarmos num feriado, mas faremos isso no decorrer desta semana”, afirmou a secretária municipal de Governo, Nubiana de Fátima Nolasco.
MORTE DE KAUAN AINDA É UM MISTÉRIO – De acordo com a PM, os militares em serviço receberam, na madrugada de ontem, a informação de que uma pessoa estaria ferida e supostamente morta, com sinais de sangramento, nos fundos do Café Muquém.
A situação foi relatada por volta das 2h10 da segunda-feira/28 ao proprietário do local – Wanderli Ribeiro de Souza, de 36 anos – que, diante disso, acionou o SAMU para o devido socorro à Kauan Enrique.
Acionada ao local, a PM isolou a área e acionou a Polícia Técnico-Científica de Uruaçu ao local, que chegou a Niquelândia horas depois já que trabalhava no recolhimento de um outro corpo em Mara Rosa, a 160 quilômetros de distância.
A mãe do jovem – Kátia Pereira Fernandes, de 33 anos – disse que estava em casa e que foi ao Café Muquém tão logo soube do ocorrido através de colegas do seu filho; e que tinha a informação de que Kauan estava namorando uma moça envolvida com entorpecentes em Niquelândia.
O Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), liderado pelo delegado da Polícia Civil de Niquelândia, Cássio Arantes do Nascimento, vai apurar o caso. A autoridade policial aguarda o laudo cadavérico do IML de Uruaçu para a sequência da apuração do que realmente ocorreu com Kauan Enrique.