“Empresário” de Niquelândia, preso em Goianésia, será investigado por golpe milionário em pecuaristas de várias cidades da região
Suposto dono de posto de combustível era assíduo nos leiloes de compra e venda de cabeças de gado e ‘derramou’ diversos cheques pré-datados sem saldo bancário: prejuízo pode chegar a R$ 1,5 milhão, segundo a Polícia Civil
Um suposto “empresário” do ramo de combustíveis de Niquelândia, que atua fora da zona urbana da cidade do Norte do Estado, foi preso em flagrante por estelionato pela Polícia Militar (PM) por volta das 19h30 da quarta-feira/23, numa avenida da região central de Goianésia.
O homem é suspeito de aplicar um golpe em cinco pecuaristas de diversos municípios que vendiam suas cabeças de gado nos leilões realizados habitualmente em Cocalzinho de Goiás, Jaraguá, Padre Bernardo/Barro Alto e Mara Rosa.
O prejuízo total com o ‘derramamento’ de cheques sem fundos foi estimado em cerca de R$ 1,5 milhão por uma das vitimas – o gestor de leilões do Sindicato Rural de Mara, Almir de Paula Marques – que procurou a Polícia Civil da cidade para detalhar como sofreu o prejuízo.
No relato ao delegado Peterson Amin – de Uruaçu, que conduzirá o inquérito policial – Almir relatou ser ele próprio uma das vítimas do empresário de Niquelândia.
No dia 31 de janeiro, tal homem foi até a sede da entidade dizendo que compraria algumas vacas, pedindo alguns dias de prazo para o pagamento.
No mesmo dia, o homem comprou, do gestor dos leilões do Sindicato Rural de Mara Rosa, um total de 39 vacas paridas avaliadas em R$ 171.340,00 em valores arredondados.
Depois – no dia 7 deste mês, em nova negociação – Almir vendeu outras 40 novilhas para o estelionatário, com valor acertado em R$ 110.650,00. Somadas, as duas negociações perfizeram quase R$ 282.000,00.
O estelionatário acabou sendo preso em Goianésia porque, horas antes, o próprio gestor dos leilões do Sindicato Rural de Mara Rosa tentou descontar um cheque pré-datado de R$ 78.087,00 que havia recebido como parte do pagamento do negócio.
Ele não soube informar, com exatidão, se o cheque foi devolvido por insuficiência de fundos ou por ter sido assinado de forma divergente ao cadastro do estelionatário no banco onde tem conta, em Niquelândia.
Na DP de Mara Rosa, Almir relatou ter recebido informações que o “dono” do posto de combustíveis estaria vendendo o gado ‘comprado’ abaixo do preço de mercado para outros três empresários de Niquelândia que também atuam no segmento de compra e venda desses animais.
Um deles, inclusive, teria feito uma transferência no valor de R$ 170.000,00 para a conta da esposa do estelionatário.
Dois dias antes – na segunda-feira/21 – o gestor dos leilões do Sindicato Rural de Mara Rosa disse que esteve na casa do indivíduo em Niquelândia, sendo informado pela mulher que o marido havia fugido da cidade do Norte do Estado.
Almir também prestou depoimento formal na sede da 15ª Delegacia Regional da PC em Goianésia onde ratificou, à delegada Ana Carolina Pedrotti Teixeira, o que havia relatado ao delegado Peterson Amin.
OUTRAS VÍTIMAS, DE OUTRAS CIDADES – O Portal Excelência Notícias teve acesso, com exclusividade, ao relato dos outros quatro pecuaristas que também foram a Goianésia para detalhar como venderam suas cabeças de gado para o “empresário” de Niquelândia, em diversos leilões que ele participava
O primeiro deles é morador de Cocalzinho de Goiás; e alegou ter sofrido um prejuízo total de R$ 397.370,00 aproximadamente [após ter vendido ao estelionatário 128 cabeças de gado por R$ 290.820,00 no último dia 11; e outra venda em quantidade não-especificada de animais por R$ 106.550,00, no dia 18 deste mês].
Outra vítima é um pecuarista que divide seus negócios entre Barro Alto e Padre Bernardo, agora detentor de um prejuízo de R$ 308.050,00 [após ter vendido ao estelionatário 35 bezerras por R$ 66.500,00 no último dia 12; e outra venda de 95 cabeças de gado/machos por R$ 241.550,00 no dia 19 deste mês].
Na sequência, o terceiro a sofrer prejuízo – de R$ 106.920,00 – foi um pecuarista de Jaraguá que vendeu 40 bezerros para o dono do posto de combustível de Niquelândia, no último dia 17.
Por fim, no mesmo dia, outro pecuarista de Jaraguá também vendeu 36 bezerros ao estelionatário, por R$ 96.228,00.
O QUE DISSE A AUTORIDADE POLICIAL – No documento de 10 páginas, a delegada de Goianésia relatou que o “empresário” de Niquelândia, na presença de seu advogado, afirmou que estava realmente sem dinheiro para pagar os valores acertados com as cinco vítimas no leilão de gado realizados nas cidades mencionadas.
“Isso demonstra que, desde o início das negociações, o autor tinha a intenção de obter vantagem ilícita em prejuízo alheio/fraudar, com fatos a serem apurados no decorrer das investigações. Os crimes cometidos por ele [o autor] são graves, gerando grande dano para as vítimas e gerando desconfiança social. Importante salientar que os crimes de estelionato estão cada vez mais comuns, sendo necessário reprimi-los de forma eficiente”, afirmou a delegada Ana Carolina Pedrotti.
Além da apreensão dos telefones celulares do indivíduo para análise do conteúdo de dados dos aparelhos, a delegada deixou de arbitrar fiança ao golpista porque apenas crimes com pena de até 4 anos de prisão podem garantir o direito do acusado para responder ao processo em liberdade.
Para o crime de estelionato, cuja pena máxima é de 5 anos, a soltura só poderá ser determinada pelo Poder Judiciário em audiência de custódia.
“A eventual concessão de outra medida cautelar diversa da prisão não será efetiva para a preservação da ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, tendo em vista a gravidade da situação [a seguida prática de crimes de estelionato] e que, segundo informações, [o autor] praticou outros crimes semelhantes”, afirmou a delegada de Goianésia, em suas justificativas para que o homem não fosse solto, de imediato.