Volume de chuva em Niquelândia em dezembro foi o dobro do esperado para o mês todo, aponta gerente do Cimehgo
Gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim disse, ao Portal Excelência Notícias, que somente nos dias 23 e 24 choveu o que era previsto para 30 dias na cidade do Norte do Estado
Reforçando sua credibilidade em Niquelândia quando o assunto é notícia de interesse público, o Portal Excelência Notícias entrevistou na manhã desta quarta-feira (29), com exclusividade, o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim.
Na oportunidade, ele detalhou que as intensas chuvas registradas em Niquelândia entre os dias 22 e 26 deste mês são, a exemplo do que está acontecendo nas cidades do Sul da Bahia e Norte de Minas Gerais, fruto de um corredor de umidade que se formou na semana passada em decorrência de do fenômeno climático denominado Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
A ZCAS é resultado da convergência de dois fenômenos climáticos: o esfriamento da água do Pacífico Sul [conhecido como La Niña] e a elevação da temperatura da água do Atlântico Sul, logo abaixo da linha do Equador.
Isso contribuiu, segundo o gerente do Cimehgo, para a formação de grandes áreas de instabilidade nas regiões Norte e Nordeste de Goiás, ocasionando um volume de chuvas praticamente o dobro da média climatológica normalmente verificada nesse período deixando um rastro de destruição em cidades como Niquelândia, Cavalcante e Alto Paraíso de Goiás.
DILÚVIO – “Para este mês todo de dezembro, era esperado cerca de 280 a 290 milímetros de chuva. Mas já registramos cerca de 520/530mm nesse período, especialmente em Niquelândia. Na semana passada, registramos um volume de aproximadamente cerca de 200mm, na cidade. É muita chuva, concentrada num curto espaço de tempo, ocasionando os estragos que estamos vendo agora. É uma catástrofe, praticamente”, detalhou o gerente do Cimehgo.Em Niquelândia, em função dos danos causados em várias pontes arrastadas pelas chuvas nos dias 23 e 24 [em diferentes pontos onde houve alagamentos na extensa zona rural do município] a prefeitura da cidade decretou Estado de Calamidade Pública.
O volume de água somado, nesses dois dias, chegou a 100 mm. Segundo André, em situação normal, choveria igual quantidade ao longo de uma semana com períodos de sol forte e tempo seco intercalados com dias de grande nebulosidade e chuvas de 10mm, em média, a cada dia.
SOL ENCHARCADO – “Mas, realmente, ‘invernou’ nos últimos dias porque esse sistema [da ZCAS] propicia longos períodos de chuva constante, dia e noite. Assim, chega-se a um momento em que o sol, de tão encharcado, não absorve mais a água; e a água tende a sair das nascentes e de todos os lugares possíveis. Como a água não tem local para escoar, os estragos acabam sendo inevitáveis”, detalhou André.Além da catástrofe verificada no Sul da Bahia as intensas chuvas no Norte de Goiás estão sendo noticiadas diariamente na Previsão do Tempo do Jornal Nacional, da Rede Globo.
No boletim meteorológico apresentando no principal telejornal do País, a região de Niquelândia, Uruaçu, Minaçu e Porangatu aparece demarcada por uma extensa faixa na cor azul escura como indicador do excessivo volume de água.
Segundo o gerente do Cimehgo, diferentemente do que está ocorrendo no Norte, em cidades como Jataí e Rio Verde, no Sudoeste Goiano, está chovendo de forma irregular e muito abaixo do esperado para o mês de dezembro: cerca de 80 mm, cerca de um terço do previsto para o período.
“Esse corredor de umidade, que eu mencionei na nossa conversa, afetou mais a Região Centro-Norte do Estado, de Goiânia para cima, passando por cidades como Anápolis, Goianésia e Niquelândia. Ontem [terça, 28/12], choveu 65 mm em Goianésia, para se ter uma ideia. E, infelizmente, ainda teremos mais chuva intensa nesses dias de final de ano, nessa região”, exemplificou André.
AÇÕES INTEGRADAS – O gerente do Cimehgo destacou que, pelo fato do órgão sob seu comando estar subordinado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o trabalho de avaliação climatológica é feito em sintonia com o Corpo de Bombeiros e com a Defesa Civil, como forma de antever e prevenir situações de risco que possam ser ocasionadas pelas chuvas intensas.
“Os nossos prognósticos já apontavam que isso poderia ocorrer em cidades como Niquelândia e Alto Paraíso. Por isso, podemos dizer que nosso tempo de resposta, através dos Bombeiros e Defesa Civil, foi muito bom mediante nossas informações já que trabalhamos em parceria. Infelizmente, quando chove muito, não temos como retirar uma cidade ou uma fazenda do local. Mas aqui em Goiás, felizmente, não tivemos perdas humanas como ocorreu na Bahia”, detalhou André.
PREVISÃO PARA JANEIRO – O Cimehgo, segundo o gerente, faz levantamentos das possibilidades climáticas de todo o Estado, para um prazo máximo de 6 meses. O verão, iniciado no último dia 21/12, terminará apenas no dia 20/03. Para o mês de janeiro de 2022, informou André, existe ainda a previsão de incidência de chuvas fortes e intensas na Região Norte de Goiás.