Vizinha de 69 anos atira três vezes contra climatizador de academia em Niquelândia
Equipamento, que não estava funcionando no momento dos disparos, motivou processo no Fórum da cidade ano passado por conta do ruído produzido pelo equipamento: idosa possui problemas psiquiátricos
A disputa judicial entre uma idosa de 69 anos e uma academia de Niquelândia – sobre o posicionamento de um climatizador de ar de grande porte na divisa entre os dois imóveis – ganhou contornos dramáticos por volta das 7h30 desta sexta-feira/16 na cidade do Norte do Estado.
Isso porque a mulher – portadora de distúrbios psiquiátricos, cujo nome não foi revelado pela Polícia Militar (PM) – fez, do quintal de sua casa, três disparos de arma de fogo em direção ao equipamento, que fica no mezanino da academia.
O equipamento não estava ligado. Felizmente, ninguém se feriu, mas o susto foi grande.
Funcionários da academia localizada à Rua Francisco Adelmo Leal acionaram a PM que, no local, constatou a existência de marcas de tiro no equipamento; e um projétil deflagrado, no seu interior.
BARULHO IGUAL DE UMA BOMBA – “Eu estava na minha casa e recebi uma ligação de um professor nosso, me avisando que [ele, demais funcionários e alunos] escutaram um barulho como se fosse o estouro de uma bomba; e que alguém havia dado três tiros aqui [na academia]. Quando cheguei, ele [o funcionário] me disse que o tiro havia vindo de uma portinha lateral que dá acesso para o nosso jardim. Fui olhar o climatizador, que estava fechado, porém com um amassado na tampa que, pareceu-me, havia ocorrido há poucos instantes, descascando a pintura. Quando eu abri o climatizador, com a mão mesmo, notei que tinha um projétil no equipamento e decidimos chamar a polícia”, detalhou o empresário Divino Carlos Braz, proprietário da academia, em áudio enviado ao Portal Excelência Notícias por volta das 13 horas de hoje.
Depois de verificarem o climatizador, os militares foram até a casa da idosa, que saiu à rua aos berros, até a esquina com a Avenida São José do Tocantins. Foi necessário acionar o Corpo de Bombeiros por medida de precaução.
Os PMs então, com apoio do Bombeiros e autorização da idosa e de seus filhos, vasculharam a casa mas o revólver não foi localizado.
No local, foi achada apenas uma cápsula de revólver calibre 38 e o coldre da arma, dentro da lixeira do banheiro. Os objetos foram apreendidos.
Como a mulher não quis receber atendimento dos Bombeiros, ela foi levada por um de seus filhos para ser medicada no Hospital Santa Marta, de tal forma que não possível sua condução à Delegacia da Polícia Civil de Niquelândia.ENTENDA O CASO – Ano passado – pouco tempo depois de a academia ter inaugurado suas instalações próprias no atual endereço – a idosa entrou com um processo no Fórum da Comarca de Niquelândia, queixando-se do forte barulho que, segundo ela, emanava do climatizador durante o horário de funcionamento do local.
Na ocasião, o Poder Judiciário determinou o fechamento da academia; e a interdição do equipamento-pivô da discórdia.
O estabelecimento, então, recorreu ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), em Goiânia, que ordenou a reabertura da academia sob a condição de que o climatizador seguisse inativo até a conclusão do processo que tramita no município.
A academia funciona numa área predominantemente residencial, mas obteve alvará da Prefeitura de Niquelândia à execução de suas atividades desde sua inauguração.
No último domingo/11, por volta das 8 horas, a idosa havia acionado a PM à sua residência queixando-se que o climatizador de ar ficou ligado durante toda a madrugada daquele dia, em horário em que a academia estava fechada.
De acordo com Divino Carlos, isso realmente ocorreu. Porém, o empresário atribuiu tal fato à uma provável queda de energia; e que, após o serviço ter sido restabelecido pela Enel Distribuição, teria provocado o funcionamento parcial do aparelho com baixa intensidade, segundo ele.
Assim que tomou ciência a situação, Divino ordenou que um de seus funcionários fossem até a academia para o desligamento definitivo.
O proprietário da academia ainda informou que, por intermédio de seu advogado Fernando Cavalcante de Melo, procurou no início da semana o advogado da idosa para que tentassem uma solução amigável para o imbróglio, dada a lentidão do Poder Judicíário em dar uma decisão definitiva para o processo.
Divino Carlos defende a substituição do climatizador de ar de grande porte do mezanino, que hoje é o alvo da discórdia com a vizinha, por um outro aparelho menor que ele já possui instalado no térreo da academia.
Para o advogado Alan Mesquita – que defende os interesses da idosa – o único acordo possível é a retirada definitiva do climatizador da divisa entre os dois imóveis; e a instalação de um equipamento fixado no teto da academia; que seja distante da parede; e que não provoque ruídos na casa de sua cliente.
Segundo o delegado-titular da Delegacia da Polícia Civil em Niquelândia, Gerson José de Souza, foi instaurado inquérito para que a idosa responda pelas práticas dos crimes de disparo irregular e posse irregular de arma de fogo.
A vizinha da academia deverá ser intimada a prestar depoimento tão logo se recupere da crise nervosa que teve hoje.
O delegado espera que a mulher entregue a arma de maneira espontânea, a fim de colaborar com o desenrolar das investigações sobre o rumoroso episódio.