Professor de História critica Valmir Pedro por impor ‘cultura própria’ no lugar do Carnaval de rua em Uruaçu
Para Antonio Horbiyon Sales Batista, eventos como a 'Temporada de Férias' serviram apenas para alimentar satisfação pessoal do prefeito tucano em romper com uma tradição apenas para vingar-se dos opositores a seu governo, em detrimento da maior festa popular do Brasil
PProfessor de História em Uruaçu, Antonio Horbiyon Sales Batista conversou por telefone na última semana com o Portal Excelência Notícias acerca de sua visão sobre a não-realização do Carnaval na cidade do Norte do Estado desde fevereiro de 2017, no decorrer do mandato do atual prefeito e candidato a reeleição Valmir Pedro (PSDB).
De acordo com professor Horbylon, como é conhecido o educador em Uruaçu, empresas de diversos segmentos amargam inúmeros prejuízos econômicos com o cancelamento da festa nos últimos quatro anos.
“Essa decisão [da prefeitura] em não fazer o Carnaval de Uruaçu foi uma violação da cultura brasileira, por ser uma festa de dimensão nacional que acabou sendo abruptamente pela gestão do Valmir. E vale lembrar que ele, durante a sua campanha para prefeito em 2016, garantiu que realizaria o Carnaval dizendo que era uma festa muito interessante para a nossa cidade”, comentou Horbylon.
O festejo foi intensificado na cidade nos últimos 20 anos, desde a gestão do então prefeito Pau Ferro, segundo Horbylon.
Porém, entre 2009 e 2016, como se sabe, o Turismo da cidade de 40 mil habitantes recebia enorme quantidade de visitantes de diversas localidades que aproveitavam a festa popular na Avenida Transbrasiliana e na Praia da Generosa, às margens do Lago Serra da Mesa.
VALMIR PROMETEU CARNAVAL EM 2016 – “De repente, do nada, ele [o prefeito] vai para o carro de som na rua [durante a campanha, há cerca de 10 dias], grita, esbraveja e diz que acabou com o Carnaval porque essa seria uma festa de droga e camarote. Ora, no momento em que esse homem [Valmir] prometeu que realizaria o Carnaval em Uruaçu ele não sabia que essa era uma festa em que uma parte das pessoas, não todas, cometem excessos no uso de álcool e de drogas? Era muito importante que ele [o prefeito] tivesse realizado o Carnaval em Uruaçu. Com relação às drogas, é claro que sou contra assim como a maior parte da nossa população também é”, afirmou Professor Horbylon
O educador uruaçuense disse que o prefeito Valmir Pedro adotou a postura de um “semideus” [cruzamento de divindades com mortais] em sua gestão ao criar uma nova festa – a ‘Temporada de Férias’ – nas férias escolares de julho.
RUPTURA CULTURAL – “Ele [Valmir] queria introduzir uma nova cultura em Uruaçu, produzida e aprovada por ele mesmo, para fazer a velha política do ‘pão-e-circo’. Ao mesmo tempo que ele [o prefeito] decide ‘quebrar’ com a tradição de elementos de cultura nacional, como o Carnaval ele também implanta – na minha ótica – um processo de vingança contra um empresário da nossa cidade – adversário político dele – que montava um camarote todo ano na festa”, detalhou o professor.
Na avaliação de Horbylon, o embargo que a milionária festa da ‘Temporada de Férias’ sofreu – em julho de 2019, pelo Ministério Público (MP) e pelo Poder Judiciário – não apenas serviu para contar gastos desnecessários da Prefeitura de Uruaçu naquele momento, mas também para que o prefeito Valmir Pedro pudesse refletir sobre as decisões administrativas que tomou, no tocante ao Turismo local.
EGOCENTRISMO? – “Ele se considera uma pessoa que sabe demais; ouve muito pouco [as opiniões de terceiros, sobre sua gestão]; e fala demais. Tanto é que ele [Valmir] soltou, na imprensa local, uma matéria onde dizia que ‘não há tempo para ensinar ninguém a ser prefeito’; que Uruaçu não podia esperar por isso; e que ele [Valmir] era o único indivíduo capacitado para administrar a cidade. Na verdade, não existe um ‘dono do saber’. O que existe é a sabedoria dos governantes que, quando ouvem a população, fazem ações de governo nesse sentido. Hoje, está faltando sabedoria na Prefeitura de Uruaçu”, descreveu Horbylon.
Questionado se Valmir Pedro, que é evangélico, decidiu pela não-realização do Carnaval por motivos religiosos – além da suposta vingança política do atual prefeito de Uruaçu – professor Horbylon disse que a fé professada pelo chefe do Executivo não é um argumento suficiente para explicar o cancelamento da festa realizada todo ano antes da Quaresma.
RELIGIÃO E MÚSICAS ‘DO MUNDO’ – “Se houvesse, de fato, uma questão de ordem religiosa, ele [Valmir] Pedro não faria a ‘Temporada de Férias’ com os cantores, músicas e shows que os evangélicos não aceitam e classificam de ‘mundanos e diabólicos’. Então, o Carnaval é diabólico e a ‘Temporada de Férias’, feita exclusivamente para projetá-lo politicamente, não é diabólica? Isso é um total contrassenso de uma pessoa [Valmir] que quer fazer o povo de bobo; e de quem acha que ninguém tem uma visão crítica do que ele realmente pretende trabalhar no psicológico-inconsciente da cabeça das pessoas”, encerrou o professor.