‘Não fui aceito como vice por querer banir a ‘malandragem’ na prefeitura”, dispara Evaldo Rincon, ao anunciar apoio a Jean Cintra em Niquelândia
Ex-candidato a prefeito pelo DEM disse também, ao Portal Excelência Notícias, que não culpa Carlos da Líder [DEM] pela articulação política que resultou na indicação do seu então candidato a vice-prefeito como vice na chapa do prefeito Fernando Carneiro (PSD), que tenta a reeleição: apoio a Jean foi confirmado em vídeo polêmico, no último final de semana
Um mês após ficar fora da disputa eleitoral pela Prefeitura de Niquelândia, o engenheiro agrônomo Evaldo Rincon (DEM) anunciou seu apoio formal à candidatura do médico-cirurgião Jean Cintra (PROS) à sucessão do prefeito Fernando Carneiro (PSD), que tenta a reeleição. Na manhã da quarta-feira (4), Evaldo Rincon – que preside o DEM em Niquelândia – recebeu o Portal Excelência Notícias em sua residência na região central da cidade do Norte do Estado, onde detalhou a decisão de caminhar com Jean nesta reta final do processo sucessório na cidade; e também para explicar porque utilizou a expressão ‘elite do mal’ para classificar o grupo político que teria articulado a inviabilização de sua candidatura neste ano, em vídeo ao lado de Jean que foi divulgado nas redes sociais no último final de semana. Confira a íntegra da entrevista com Evaldo Rincon, abaixo:
Portal Excelência Notícias – Como se deu a decisão do senhor em apoiar a candidatura a prefeito de Jean Cintra em Niquelândia?
Evaldo Rincon – Depois de analisar muito o quadro político de nossa cidade – tendo eu acompanhado e participado do processo durante esse ano – entendemos que Niquelândia precisa avançar. E eu, nessa decisão [de apoiar Jean Cintra] eu não pensei em mim. Pensei na cidade; na comunidade; e pensei em Niquelândia, como um todo. Embora todos os outros candidatos sejam meus amigos pessoais, decidi apoiar o doutor Jean porque é o nome mais qualificado para a função [de prefeito]; possui curso superior na área de Gestão Pública; e também porque olhei o projeto administrativo dele, que achei ousado e muito bom, voltado à diversificação da nossa economia; para gerar empregos em Niquelândia; e gerar as obras de infraestrutura que a nossa cidade tanto precisa. Inclusive, no site da campanha do doutor Jean, ele aponta as fontes de recursos que poderá obter para fazer tudo isso. Então, eu vejo muita seriedade no Plano de Governo dele.
Excelência Notícias – Em 2016, o senhor também ficou fora do processo eleitoral e decidiu apoiar o então candidato Valdeto Ferreira, que foi eleito prefeito e protagonizou uma das piores gestões da história da cidade. O senhor não tem medo de errar mais uma vez e se arrepender em apoiar Jean Cintra?Evaldo – Nós estamos vendo agora o mesmo quadro de 2017 e 2018, período em que o Valdeto foi prefeito – que era nosso amigo e eu o apoiei – mas acabou afastado do cargo por problemas com a Justiça; e a cidade precisou realizar uma eleição suplementar. O nome que está aí pleiteando a reeleição [Fernando Carneiro, eleito em junho de 2018] enfrenta também muitos problemas com a Justiça, com processos em andamento e bens bloqueados. Eu entendo que não podemos mais votar em candidatos que tenham problemas com a Justiça. Se amanhã ele [Fernando Carneiro] venha a ser cassado pela Justiça, teremos novamente a situação de um presidente da Câmara Municipal assumindo o mandato; e uma nova eleição extemporânea. Isso atrasa muito o desenvolvimento do município. Diante de todas essas circunstâncias eu tomei a decisão de apoiar o doutor Jean para prefeito e o sargento Nunes para vice-prefeito. É uma chapa que não tem problemas na Justiça e que, se forem vencedores no próximo dia 15, poderão governar Niquelândia tranquilamente pelos próximos quatro anos. Pedi a ambos que priorizem o trabalho dentro da legalidade; que acabem com a corrupção em nosso município; e que façam um governo realmente voltado para as pessoas; e não para grupos.
Excelência Notícias – No final de semana, foi divulgado um vídeo em que o senhor, ao lado de Jean Cintra e de Sargento Nunes, anunciava o apoio à chapa, fazendo menção à existência de uma suposta ‘elite do mal’ em Niquelândia. Pode nos explicar o uso dessa expressão?Evaldo – Na verdade, em Niquelândia, implantou-se uma ‘elite política’ que não trabalha; que vive única e exclusivamente do poder; e que, quando um prefeito ganha a eleição, ela [a suposta ‘elite do mal’] está na prefeitura para organizar esquemas de corrupção; e para superfaturar contratos. A própria gestão do atual prefeito é um exemplo da má-utilização do dinheiro público. Então, desde quando eu coloquei meu nome como pré-candidato a prefeito, essa ‘elite do mal’ se uniu toda contra mim. E foi o que aconteceu nessas convenções municipais, no final de setembro.
Excelência Notícias – Obviamente, o senhor está falando do desenrolar político em que o senhor, no momento que teve fragilizada sua candidatura a prefeito, quase chegou a ser candidato a vice na chapa de Fernando Carneiro, como fruto da conjuntura que aproximou PSD e DEM nas eleições municipais em Goiânia. Porém, não era realmente de se esperar que o nome do senhor fosse ‘fritado’ à vaga de vice do PSD em Niquelândia, pelo fato de que o senhor e sua esposa, a vereadora Iris Rincon, sempre foram críticos vorazes da atual gestão?
Evaldo – Olha, tudo havia sido muito bem conversado. Quero deixar bem claro essa situação, para que não pairem dúvidas sobre o que realmente aconteceu. Nós tocamos o nosso projeto político em Niquelândia tendo eu como pré-candidato a prefeito; e o Carlos da Líder, como pré-candidato a meu vice. Definimos isso ainda em abril, com o governador Ronaldo Caiado. Montamos uma coordenação para esse trabalho e, às vésperas das eleições, realizamos uma pesquisa em que eu aparecia em terceiro lugar. Nessa hora, o Carlos me disse que não seria mais meu vice porque, na visão dele, não venceríamos as eleições. Então, eu fiquei sem um candidato a vice; e tentei buscar outros nomes à essa composição. Fui atrás do doutor Jean e tentei que ele indicasse a Aline [Cintra, esposa do médico] para ser minha vice, mas não teve jeito. Conversei com outros grupos e também não consegui [um nome à vice na chapa do DEM]. Também entendi que disputar uma eleição para perder não era interessante para mim, que já havia perdido em outras três vezes que concorri à Prefeitura de Niquelândia. E quando você perde uma eleição você se torna uma voz num deserto. Foi aí que surgiu a oportunidade de composição, em que nós [o DEM] pudéssemos indicar o vice, para A ou para B, para o Jean ou para o Fernando, porque ambos estavam à minha frente na pesquisa feita pouco antes das convenções. Conversei com o Jean, por bastante tempo; e depois com o Fernando. Ficou decidido então que o diretório [do DEM em Niquelândia] direcionaria se eu seria o candidato a vice de um ou de outro. No dia 14 de setembro, fizemos uma reunião e ouvimos todos os candidatos a vereador do nosso partido que, por unanimidade, decidiu pela indicação do meu nome como candidato a vice do doutor Fernando. No dia 15, bem cedo, fomos para o escritório do [advogado] Nilson [Spíndola] onde tudo ficou decidido e até mesmo fiz um discurso como vice [de Fernando Carneiro]; e ele [Fernando] fez também seu discurso aceitando-me como seu vice. Depois, o presidente do PSD [Waldemi Ferreira da Silva, o Waldemi do Taxi] tirou uma foto nossa, sacramentando a coligação PSD-DEM em Niquelândia. Porém, mais tarde – para a minha surpresa – surgiu a notícia de todo aquele ‘esquema’ em que [o grupo político de Fernando Carneiro] não aceitavam o meu nome como vice dele. Eles – que eu classifiquei naquele vídeo como o ‘grupo do mal’ – não me quiseram porque, quando acertei com o doutor Fernando que seria o vice, coloquei a condição para que fizéssemos uma ‘grande mudança’ [na prefeitura] para banir a ‘malandragem’ em Niquelândia como, por exemplo, a atuação de secretários municipais que não estão correspondendo [aos interesses do população no exercício de seus cargos]; e de outras pessoas que não têm compromisso com a coletividade e com o bom uso do dinheiro público.
Excelência Notícias – No frigir dos ovos, o empresário Carlos da Líder – que seria vice do senhor – acabou sendo o escolhido pelo prefeito Fernando Carneiro para ser o vice da chapa PSD-DEM, em Niquelândia. O senhor se sentiu traído pelo Carlos da Líder?
Evaldo – Não. Eu não entendo que fui traído pelo Carlos, nessa circunstância toda. Eu fui traído, sim, por uma conversa do prefeito horas mais cedo que depois, no final da tarde, não honrou a palavra dele comigo. Ele [Fernando] é um homem que não tem decisão, não tem posição e não tem postura política.
Excelência Notícias – O senhor, então, isenta completamente o Carlos da Líder pelos desdobramentos que fizeram dele o nome oficial do DEM como candidato a vice-prefeito de Fernando Carneiro?
Evaldo – Ele [Carlos] veio aqui na minha casa, pessoalmente, depois desse episódio; sentou nessa mesma mesa onde estou conversando com vocês [do Portal Excelência Notícias] e me perguntou: “Evaldo, você acha que tenho culpa nesse processo?”. E eu respondi para ele, desse jeito: “Se você articulou isso por trás, aí você é culpado. Mas, se você me diz não articulou – e que tudo ocorreu por inexperiência sua – aí a culpa é totalmente do prefeito”. O que eu fiz foi deixar essa análise para a consciência dele. Após esse momento, eu ainda lutei muito para ser candidato a prefeito; fui atrás de vários partidos para indicar o vice, como eu já disse, mas todos já estavam compromissados. Então, o que ocorreu é que não viabilizei minha candidatura. Assim sendo, cumpri meu papel de presidente do DEM em Niquelândia e oficializamos a indicação dele [Carlos da Líder] para ser o candidato a vice-prefeito do doutor Fernando; fiz meu discurso como presidente na convenção deles [do PSD] entregando o Carlos como vice e; posteriormente, disse que iria oxigenar meu cérebro para que eu pudesse tomar uma decisão [de apoiar algum candidato a prefeito, tendo optado por ratificar aliança como o médico Jean Cintra]. Posteriormente a isso, surgiram os problemas de saúde do meu pai, que ficou 13 dias internado numa UTI e outros 7 dias num quarto de hospital, em Goiânia. Graças a Deus hoje meu pai está bem; e, pensando na situação de Niquelândia, resolvi caminhar ao lado do doutor Jean.
Excelência Notícias – O apoio do senhor à candidatura de Jean Cintra caracteriza, ao menos em tese, uma situação de infidelidade partidária ao Democratas. Qual é o futuro político do senhor no DEM?
Evaldo – Eu sou o presidente do partido em Niquelândia; e continuarei presidente, até vencer meu mandato dentro do diretório municipal. No dia que isso ocorrer – pelo fato de eu ter um bom relacionamento com o governador Ronaldo Caiado – não vou ‘quebrar’ minha amizade e o meu respeito para com ele. Acredito que irei continuar no Democratas. Eu não pretendo sair do Democratas. Ele [Caiado] sabe do meu posicionamento político aqui em Niquelândia. No dia da convenção aqui na cidade, o governador mandou para cá o Visconde [Coelho, um de seus assessores mais próximos de Caiado, em Goiânia], que soube de tudo o que aconteceu. Por isso, creio que não terei maiores problemas em seguir dentro do Democratas.