A psicologia – e a psicanálise, principalmente – explicam o fanatismo como um recalque (algo mal resolvido). De maneira formal, podemos dizer que o fanatismo é um elemento psíquico capaz de uma paixão descontrolada e sem alicerce.
O estado psíquico de devoção cega – rígida e irracional por alguma coisa ou tema – trata sua obstinação como uma verdade única e absoluta.
Indivíduos nesta condição se mostram absolutamente certos de que suas ideias estão corretas, diante do incômodo que sentem com afirmações contraditórias.
O fanático defende suas causas com tanto fervor que flerta com o delírio, em algumas vezes. Ele fica impossibilitado de ouvir argumentos opostos ou estabelecer diálogo saudável com quem não concorde com a sua premissa.
O indivíduo fanático ocupa o lugar de escravo diante de seu senhor absoluto. Este pode ser uma divindade; um líder mundano; uma causa suprema; ou mesmo uma fé cega.
Em alguns casos o sujeito fanático nunca acredita na relatividade: apenas acredita na dualidade de “bem e mal” (Ler a “Psicanálise dos Contos de Fadas”).
O próprio fanático – através das suas considerações, opiniões e posicionamentos – expressa inconscientemente muitos conteúdos que sempre foram reprimidos em seu subconsciente. Entre os mais comuns estão a violência; o rancor; a raiva; a antipatia; e repulsa, por exemplo.
Em geral, todo fanatismo expressa algo escondido do mundo interno, devidamente enraizado nas mais profundas camadas da psique do sujeito.
Jung, percursor da Psicologia analítica, nos traz a seguinte reflexão: “Tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a uma melhor compreensão de nós mesmos”.
Guilherme Damazzio é coaching em Desenvolvimento Pessoal; discente em Psicanálise pela Faculdade Estácio de Sá em Goiânia e Palestrante do Instituto Estímulus.