Teste rápido aponta Covid-19 em garoto de 16 anos em Mara Rosa, mas confirmação depende do Lacen

A Secretaria de Saúde de Mara Rosa emitiu “Nota de Esclarecimento” na tarde desta quinta-feira (9), atestando que um adolescente de 16 anos – morador na área urbana da cidade do Norte do Estado está com suspeita de contaminação assintomática pelo novo coronavírus, mantido em isolamento hospitalar no próprio município.

Porém, de acordo com a titular da pasta no município, Kesse Cristine Martins, a confirmação (ou não) do diagnóstico positivo para Covid-19 depende da amostra já coletada e enviada à análise do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em Goiânia.

Kesse Martins concedeu entrevista por telefone ao Portal Excelência Notícias, por volta das 18h30. Na conversa, a secretária de Saúde relatou que o jovem se sentiu mal no sábado (5) sendo atendido no Hospital Municipal de Mara Rosa.

Segundo a secretária, o rapaz apresentava um quadro de febre mediana (37,9º); de icterícia [palidez caracterizada pela pigmentação amarela da pele, bastante recorrente em casos de hepatite] e bastante fraqueza. Porém, não esboçava sintomas característicos do Covid-19 [como tosse e falta de ar].

PROBLEMA NO FÍGADO – “Por isso, nossa equipe médica não desconfiou – em nenhum momento – que poderia se tratar de um caso suspeito de coronavírus. A partir daí, decidimos fazer exames complementares para tentar saber o que o paciente realmente tinha. O primeiro deles foi um ultrassom, que apontou a existência de um abscesso [nódulo inflamado] no fígado desse jovem; e até mesmo a suspeita inicial de um câncer”, relatou Kesse.

Diante desse quadro potencialmente grave, detalhou Kesse, a Secretaria Municipal de Saúde de Mara Rosa decidiu que o paciente fosse submetido a uma tomografia computadorizada numa clínica particular, em Porangatu.

O exame atestou, de fato, a existência do abscesso no fígado do adolescente – por causas ainda desconhecidas, podendo ser uma verminose ou mesmo uma eventual complicação da Covid-19 – segundo a secretária de Saúde.

“Trata-se de um vírus [coronavírus] ainda muito obscuro, do qual ainda não se sabe muito sobre ele”, comentou ela.

Porém, na mesma tomografia, a base pulmonar do jovem também foi analisada. De acordo com a secretária de Saúde, restou constatado um grave comprometimento em sua região torácica, bastante compatível com a contaminação pelo novo coronavírus.

LIMPEZA DE EMERGÊNCIA – “Na mesma hora, o médico que fez o exame me ligou, dizendo que havia feito uma completa desinfecção da clínica em Porangatu, nos orientando para que o paciente fosse internado em uma área isolada do nosso hospital, em Mara Rosa. O que nos preocupa é o fato desse jovem estar complemente assintomático para Covid-19, exceção feita ao período febril que ele teve. Porém, pelo o que nos revelou esse exame, era para esse adolescente já estar entubado e no oxigênio, com muita dificuldade para respirar”, detalhou Kesse.

Ainda bastante surpresa com o quadro clínico do jovem internado em Mara Rosa, a secretária de Saúde também informou que o adolescente é saudável e não possui histórico anterior de doenças que sirvam de agravantes à contaminação pelo novo coronavírus.

Dada a suspeita inicial do médico de Porangatu, Kesse Martins informou que a decisão da secretaria sob seu comando foi realizar a coleta da amostra RT-PCR [reação da transcriptase reversa, seguida de reação em cadeia da polimerase] específica para detecção do novo coronavírus (que já foi enviada ao Lacen); e também realizar uma prova mais imediata – conhecida como “teste rápido”, também conseguido em Porangatu – que deu resultado positivo para Covid-19 hoje, conforme a secretária de Saúde de Mara Rosa.

“O paciente segue internado mais por conta da disfunção hepática, porque ainda não está bem para que possamos adotar o isolamento domiciliar. Porém, devemos sempre lembrar que ainda trata-se de um caso suspeito de coronavírus, porque o protocolo do Ministério da Saúde prevê que a confirmação ou não [do quadro de Covid-19] deve ser feito pelos laboratórios públicos dos Estados que, no nosso caso em Goiás, é feito pelo Lacen”, afirmou Kesse Martins.

E A FAMÍLIA? A secretaria de Saúde de Mara Rosa informou também que o pai do jovem supostamente infectado pelo novo coronavírus está há dois meses internado no Hospital de Urgências de Anápolis, em decorrência de um acidente automobilístico sofrido antes da pandemia

A mãe do garoto, por isso, viaja frequentemente entre Mara Rosa e Anápolis, para visitar o marido. Porém, Kesse Martins informou que o adolescente nunca saiu de Mara Rosa nos últimos 60 dias.

A mulher cumpre isolamento domiciliar determinado pela Secretaria Municipal de Saúde, sem apresentar quadro de tosse, febre ou falta de ar. Segundo Kesse, o teste rápido feito na mãe do garoto para coronavírus deu negativo.

Porém, ela ressalvou que esse método de avaliação normalmente só apresenta resultado positivo após sete dias de uma eventual contaminação.

PRUDÊNCIA – “Dessa forma, como o adolescente completou somente cinco dias de internação hoje [quinta-feira/9] – e como ela [a mãe] ainda não apresenta sintomas que apontem para uma provável contaminação por coronavírus em Anápolis – o Lacen nos orientou que devemos aguardar o resultado da amostra coletada nesse jovem, para que a mãe seja ou não submetida ao mesmo exame, também pelo Lacen”, explicou a secretária de Saúde de Mara Rosa.

Caso o exame do adolescente dê positivo para Covid-19, Kesse Martins não descarta a possibilidade de transmissão comunitária na cidade do Norte do Estado, considerando-se a informação que o garoto não se ausentou recentemente de Mara Rosa.

Essa forma de contaminação – oficializada em todo o País pelo Ministério da Saúde – é aquela em que não é mais possível localizar a origem da infecção, indicando que o vírus está circulando entre os indivíduos que não viajaram ou tiveram contato com quem esteve no exterior.

MOMENTO É DE SERENIDADE – “Porém, por mais que todos os exames apontem nessa direção, ainda não se trata de um caso confirmado. Por isso, quero deixar bem claro que, enquanto não sair o resultado do Lacen, estamos ainda diante de um caso suspeito”, reforçou a secretária de Saúde de Mara Rosa.

Além da mãe, a irmã do garoto – de apenas 14 anos – também cumpre isolamento domiciliar. Mara Rosa já havia registrado anteriormente um outro caso suspeito, que havia sido descartado pelo Lacen. Outras quatro pessoas, com sintomas de problemas respiratórios, também estão em monitoramento domiciliar pelo município.