COVID-19Niquelândia

“Isolamento social é uma medida extrema, mas necessária”, afirma diretor-clínico do Hospital Santa Marta

Para o médico Gustavo Arruda, dada a confirmação de que o novo coronavírus já não é mais transmitido somente por pessoas que viajaram ao exterior, fechamento do comércio de Niquelândia por 15 dias é sim importante para evitar o contágio pelo Covid-19 entre os moradores da cidade do Norte do Estado

Médico e diretor-clínico do Hospital Santa Marta, em Niquelândia, Gustavo dos Santos Arruda entende que transmissão comunitária do novo coronavírus – decretada na última semana pelo Ministério da Saúde, reforça a necessidade de isolamento social para evitar aglomeração de pessoas como forma mais segura de evitar a rápida disseminação da doença, na cidade do Norte do Estado.

Segundo o médico, a decisão do ministério foi no sentido de unificar estratégias para conter e restringir a propagação da Covid-19 – principalmente com a adoção de medidas mais restritivas sobre a circulação da população acima de 60 anos – dentre outras medidas.

“Essa modalidade de circulação do Covid-19, de forma comunitária, foi decretada pelo fato de que as autoridades de saúde não estavam mais conseguindo mais rastrear o primeiro paciente que originou a cadeia de infecção; ou quando esta cadeia já envolve mais de cinco pessoas”, afirmou o médico, em entrevista exclusiva ao Portal Excelência Notícias na tarde desta sexta-feira (27).

Hoje, o Brasil contabilizou 92 mortes e 3.417 casos confirmados de novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde, o que atesta de forma cabal a avaliação do médico niquelandense.

De ontem para hoje, houve um aumento de 19% em relação ao dia anterior (77 óbitos) com o acréscimo de mais 15 vítimas fatais pelo Covid-19 no País.

Segundo o Ministério da Saúde, pessoas com sintomas de gripe [tosse seca; dor de garganta; e falta de ar, principalmente] deverão ser isoladas, bem como seus familiares [os parentes, inclusive, com direito ao atestado médico] por um período de duas semanas.

Ainda de acordo com Gustavo Arruda – diretor do mais tradicional hospital de Niquelândia – a transmissão comunitária difere dos casos importados [quando o vírus foi adquirido em viagens ao exterior] e da transmissão local [quando há contaminação por contato com alguém infectado em outro país].

“Nesse caso, por exemplo, se uma pessoa veio da Europa, ela contamina outra pessoa; e essa outra transmite o coronavírus a mais outra. Essa terceira pessoa não contraiu o vírus num país diferente do nosso. Ou seja, foi infectada aqui no Brasil. Na prática, a oficialização da transmissão comunitária pelo Governo Federal significa dizer que o vírus está cada mais disseminado no país, demandando cuidados mais efetivos”, explicou o médico Gustavo Arruda.

Por isso, segundo ele, medidas como fechamento por 15 dias de todos os estabelecimentos que executam atividades não-essenciais à vida humana – adotadas pelo Governo do Estado e Prefeitura de Niquelândia, com validade até o dia 4 – se tornaram ainda mais importantes para evitar o contágio pelo Covid-19.

Como o vírus se transmite pelo contato com gotículas; pela saliva; por espirros; por tosse, por secreções da garganta [catarro]; como fruto do contato pessoal próximo, atitudes como abraços, beijos no rosto; e apertos de mãos, devem ser evitadas por enquanto, até que se diminuam os índices de contaminação.

“Acho válida a preocupação da prefeitura e do Estado. As medidas adotadas são de suma importância para preservar vidas. Quando há transmissão comunitária, a orientação do ministério é de isolamento por duas semanas [quarentena] para pessoas com sintomas; e também para as que moram no mesmo espaço com quem apresentou sinais da infecção. Isso implica ficar definitivamente em casa. O isolamento social é uma medida extrema, mas necessária”, comentou o diretor-clínico do Hospital Santa Marta.

Segundo Gustavo Arruda, apesar da decretação da existência da transmissão comunitária pelo Ministério da Saúde ter sido feita justamente para estabelecer um padrão sobre como isso ocorre, a transmissão nacional e em bloco do novo coronavírus torna essa avaliação cada vez mais difícil.

Na semana passada, tal classificação era atribuída pelo Ministério da Saúde apenas aos Estados de São Paulo; Rio de Janeiro; e Pernambuco; para outras duas capitais (Porto Alegre/RS e Belo Horizonte/MG); e para todos os municípios localizados no Sul de Santa Catarina.

POR QUE NOVO CORONAVÍRUS? Segundo o diretor-clínico do Hospital Santa Marta, a definição de “novo” para o coronavírus – apesar do mesmo ter sido descoberto e isolado em humanos na década de 1930 – ocorre pelo fato de que essa doença disseminou a partir da China em dezembro de 2019 sem casos anteriores com as mesmas características; com o agravante de não existir cura ou mesmo uma vacina para evitá-lo.

“Essa ‘pandemia’ de Covid-19 – justamente por ser uma coisa nova, dada sua característica – é uma situação da qual nos todos devemos nos precaver e nos preocupar. Porém, vejo a necessidade de mais nos precavermos do que nos preocuparmos. Daí vem a necessidade do isolamento social, a fim de evitar a propagação ainda mais devastadora da doença. Aqui em Goiás ainda há poucos casos, mas a tendência é que esse número possa aumentar”, alertou Gustavo Arruda.

Segundo o médico, as decisões recentes em todo o Brasil pela  eficiência do bloqueio do vírus – por essa restrição de aglomeração e de exposição aos agentes transmissores do Covid-19 – foram baseadas nas experiências ruim tanto da China quanto da Itália, onde esses cuidados foram adotados com certo atraso.

“O Ministério da Saúde percebeu que esses países demoraram para agir e o que está se tentando fazer no Brasil, agora, é que para que não tenhamos o mesmo grau de mortalidade que estamos vendo em vários lugares da Europa”, avaliou o médico niquelandense.

CUIDADOS BÁSICOS – Para prevenir a contaminação pelo novo coronavírus também são necessários cuidados de higienização, como lavar as mãos com frequência com água e sabão; e usar álcool gel para assepsia das mãos e dos ambientes.

Deve-se, ainda, evitar abraços, beijos e apertos de mãos; evitar contato com pessoas com ou sem os sintomas; evitar levar as mãos aos olhos, boca ou nariz; e manter os ambientes sempre bem ventilados.

Importante também é ter cuidados como: ao assoar o nariz, utilizar lenços; ou levar o braço ou antebraço à boca ao espirrar ou tossir.

O USO DE MÁSCARAS – Sobre o uso da máscara cirúrgica e de outras disponíveis no mercado, o médico Gustavo Arruda entende que elas são importantes para os profissionais que trabalham em ambiente hospitalar; ou em locais onde há contato direto com número de pessoas, como os supermercados de Niquelândia.

Ele comentou que tem notado grande número de pessoas dirigindo na cidade, fazendo uso de máscaras. Segundo ele, apesar da necessidade de proteção que está sendo alardeada pelos meios de comunicação, o risco de um motorista ser contaminado enquanto conduz o próprio veículo é praticamente nulo.

“Porém, se pessoa está suspeita de que contraiu a infecção por Covid-19 – ou se ela estiver insegura, porque vai circular em ambiente com grande número de pessoas; ou mesmo porque está cuidando de um parente em quarentena aguardando resultado do exame – vejo que o uso da máscara é válido sim. Caso contrário, trata-se de exagero – que é perdoável – em razão de tratar-se de doença nova e ainda pouco conhecida”, afirmou o médico.

TUDO MUDOU, PARA TODOS –  De acordo com Gustavo Arruda, os colaboradores do hospital foram capacitados para melhor eficiência no atendimento aos pacientes.

Além disso, houve reforço à necessidade dos EPI’s [equipamentos de proteção individual]; como máscaras e luvas.

Segundo ele, ainda que o paciente apresente sintomas leves de gripe, todas as precauções e cautelas necessárias foram reforçadas a higienização das áreas comuns e internas da instituição; e também para garantir o melhor diagnóstico do quadro clínico de quem busca auxílio dos médicos que atuam no Hospital Santa Marta.

“Todo mundo está sofrendo com essa situação; e com essas restrições. Apesar dos estabelecimentos de saúde; dos supermercados; e das farmácias poderem funcionar; até mesmo a gente, aqui no hospital, estamos trabalhando num ‘ambiente diferente, com uma escala diferente”, comentou o diretor-clínico do Santa Marta.

HOSPITAL DE TRADIÇÃO – Fundado há 43 anos em Niquelândia, o Hospital Santa Marta – além de ser um dos mais tradicionais do Norte Goiano – em notória qualificação técnica de seus serviços, com certificação da AHEG. Isso garante atendimento de qualidade com segurança, há quase cinco décadas, a quem precisa.

O estabelecimento, na região central da cidade, é obra do casal de médicos-pioneiros Luiz Gonzaga Arruda e Sônia Arruda, pais do diretor-clínico da unidade.

Segundo a diretora-administrativa Maria Aparecida de Lima Arruda, o Hospital Santa Marta segue investindo na melhoria de suas instalações e na segurança de seus pacientes, com os olhos voltados à comunidade niquelandense; e do Norte do Estado como um todo. [Com informações de Jaldene Nunes]

QUATRO DÉCADAS DE TRADIÇÃO – Hospital Santa Marta funciona há 43 anos em Niquelândia: empreendimento surgiu pelas mãos dos médicos-pioneiros da cidade, Luiz Gonzaga Arruda e Sônia Arruda, já falecidos [Foto: Divulgação]

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