A ‘Velha UEG’ e a ‘Nova UEG’: reforma acadêmica e pedagógica, sem o pecado da corrupção
Adriano da Rocha Lima
“A ‘Nova Universidade Estadual de Goiás (UEG)’, sancionada na última sexta-feira (17) pelo governador Ronaldo Caiado, nasce sem o pecado da corrupção, um dos alicerces da gestão do ex-governador Marconi Perillo.
Agora existe um compromisso com a ética e a transparência, algo que não se via dos ex-gestores nomeados por Marconi. Tanto que dois foram presos e um terceiro foi afastado e é investigado por desvio dos recursos do Pronatec.
Gestão é uma marca negativa do ex-governador Marconi: réu em 32 processos por improbidade administrativa e em quatro criminais. Isso explica o descalabro na ‘Velha UEG’
A frase “É ilegal, mas é virtuoso” – proferida por um membro do antigo Conselho Universitário da ‘Velha UEG’ ao defender que não se cumprisse uma decisão da Justiça – mostra bem o modus operandi da universidade durante os mandatos de Marconi e de seus asseclas.
Entre 2015 e 2018, por exemplo, auditoria da Controladoria-Geral do Estado mostrou que foram abertos 30 cursos sem o menor planejamento, apenas para atender a interesses de alguns aliados políticos que viam na ação a melhor forma de conquistar votos em suas respectivas regiões. Sem pensar na qualidade e na estruturação dos cursos.
Aliás, Goiás sabe que outra grande marca dos governos de Marconi Perillo foi a dilapidação dos patrimônios goianos. Infelizmente não chegamos ao governo a tempo de salvar a Celg e expor toda a falcatrua na empresa.
Resultado? Marconi conseguiu deixar Goiás com umas das piores distribuidoras de energia elétrica. A população se revolta a cada dia que falta energia e se recorda do “engenheiro” dessa venda: Marconi.
Ele tentou fazer o mesmo com a Saneago, mas já encaminhamos um caminho virtuoso para a empresa. E agora fazemos o mesmo com a ‘Nova UEG’.
E não é por acaso que a posição da ‘Velha UEG’ em todos os rankings de renome pelo País foi vexatória nas gestões de Marconi.
No Ranking Universitário Folha (RUF), promovido pelo jornal ‘Folha de S. Paulo’, a ‘Velha UEG’ ocupa a 108º posição, mesmo tendo gastado R$ 213 milhões em suplementações orçamentárias entre 2012 e 2018.Para efeito de comparação, a Universidade Federal de Goiás (UFG) ocupa a 20ª posição no mesmo ranking recebendo menos recursos que a ‘Velha UEG’.
Por isso, falar em autonomia da ‘Velha UEG’ é ignorar o uso eleitoreiro e político da universidade, o que ficou claro logo nos primeiros meses da nova gestão que assumiu o Estado em 2019.
O então reitor Haroldo Reimer se reuniu com membros do governo estadual para oferecer o que chamou de “proteção política” ao governador Ronaldo Caiado.
O que foi rechaçado duramente porque o atual governo não compactua com as práticas dessa velha política onde Marconi se formou.
Essa oferta de Reimer era apenas a continuação do que ele já vinha fazendo desde que fora nomeado interventor da ‘Velha UEG’, ainda em 2012, pelo ex-governador Marconi Perillo.
Em vez de se preocupar com as demandas administrativas e acadêmicas, os reitores indicados na ‘Velha UEG’ tinham que dar conta de interesses políticos locais, contribuindo para uma expansão sem planejamento da universidade, que chegou a ter absurdos 41 campi.
Para breve efeito de comparação, a Universidade de São Paulo (USP) – maior universidade estadual do País – possui apenas 10 e se destaca em vários rankings, liderando inclusive alguns deles.Marconi sempre interferiu nos caminhos da ‘Velha UEG’, sendo responsável, ao mesmo tempo, por ferir a autonomia da universidade e dilapidar o patrimônio dela indicando pessoas sem o devido respeito à coisa pública.
Essa nomeação de reitores, aliás, é outra prova cabal da falta de autonomia da ‘Velha UEG’ durante os anos de Marconi à frente do Estado.
Em 1999, ele nomeou José Izecias, que permaneceu no cargo até 2008, sendo substituído por Luiz Antônio Arantes, também indicado ao cargo pelo ex-governador.
Em 2012, Arantes foi afastado por irregularidades em seu mandato à frente da ‘Velha UEG’. Mais uma vez, Marconi indicou um interventor, sendo Haroldo Reimer o escolhido.
Izecias e Arantes foram condenados a penas de 6 a 7 anos pelas irregularidades cometidas à frente da ‘Velha UEG’ durante os mandatos de Marconi.
Em março de 2019, Reimer foi afastado do cargo acusado de ter desviado R$ 1,29 milhão de recursos federais do Pronatec em benefício próprio, de parentes, amigos e sócios.
O ex-governador Marconi Perillo também mente ao dizer que houve redução no orçamento da ‘Velha UEG’’ em 2019.
No ano passado, foram gastos R$ 309 milhões para o custeio da universidade – incluindo recursos destinados a quitar vencimentos atrasados das folhas de novembro e dezembro de 2018 – último ano de administração do PSDB, partido de Marconi.
Não é à toa que mentira e enganação foram dois dos inúmeros motivos por ele ter sido enxotado da vida pública pelos goianos.
Os atrasos salariais são mais uma evidência do descaso das gestões do PSDB com a ‘Velha UEG’.
Além de não pagar servidores, professores e bolsistas – deixando de cumprir a obrigação de qualquer gestão séria – o governo anterior aprovou uma dramática redução no orçamento da universidade para 2019.
Na ocasião, enviou para a Assembleia um orçamento de R$ 204 milhões para 2019, mesmo sabendo que ela havia gasto R$ 300 milhões em 2018. Esse era o cenário na ‘Velha UEG’ durante os anos de Marconi e seus aliados no comando do Estado.
A partir de agora, porém, a universidade tem, verdadeiramente, ferramentas para caminhar, crescendo de maneira responsável e atendendo a critérios acadêmicos e pedagógicos.
Na ‘Nova UEG’, os campi – que passaram de 41 para o 8, cuidam apenas de suas questões regionais – unificando as discussões acadêmicas para as 33 Unidades Universitárias e os cinco ‘Institutos Acadêmicos’.
Os ‘Institutos Acadêmicos’ foram criados para unificar o ensino dentro da universidade, evitando aberrações como a existência de cursos de Administração com duração de cinco ou quatro anos e meio.
A Reitoria da ‘Nova UEG’ foi adequada ao compromisso de transparência e ética dessa gestão, passando a prestar conta de seus gastos, o que era inexistente até então.
Em 2019, foram feitas adequações no quadro de servidores e professores, atendendo a decisões e determinações do Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas do Estado para a redução de contratos temporários.
Aliás, na ‘Velha UEG’, a duração desses contratos era de 1 ano, mas persistiram ilegalmente por quase 20 anos.
É um compromisso do governador Ronaldo Caiado respeitar a autonomia universitária, assim como é um compromisso dar todas as condições para que a ‘Nova UEG’ esteja, até 2022, entre as 50 melhores universidades do Brasil.
A educação é uma mola propulsora do desenvolvimento e, portanto, precisamos avançar.
Nos próximos meses – já com os instrumentos criados pela reforma administrativa – a universidade terá os meios institucionais para discutir sua reforma acadêmica e pedagógica.
Dessa forma, definitivamente, ficará livre das amarras impostas pelo ex-governador que só se preocupava em se manter no poder a qualquer custo. Com seriedade, criamos uma ‘Nova UEG’.O que vem pela frente, a partir de agora, é uma universidade que respeita o dinheiro público – pautada pelo cuidado na formação do aluno, pela valorização do servidor, pelo investimento em pesquisa e em extensão – garantindo que as necessidades da população sejam atendidas, em respeito a vocação de cada região do Estado.
A luz do conhecimento vai guiar a ‘Nova UEG’, que será, com toda a certeza, orgulho dos goianos. Sem qualquer resquício das velhas práticas que tanto lesaram a instituição”.
Adriano da Rocha Lima é Secretário Estadual de Inovação e Desenvolvimento do Governo do Estado de Goiás
NOTA DA REDAÇÃO: As argumentações deste artigo não representam, necessariamente, a interpretação do Portal Excelência Notícias acerca dos fatos e do conteúdo ora narrado pelo seu autor.