Meio Ambiente recupera córrego após diesel vazar em acidente fatal com caminhão de lixo
Derrame de sacos de lixo e de óleo diesel no Córrego Olaria ocorreu semana passada em meio à tragédia que matou três funcionários públicos da prefeitura: área recebeu intervenção com três dias de trabalho da equipe da pasta, novamente sob comando da secretária Geane Cristine Silva
Ações voltadas à recuperação do Córrego Olaria, na zona rural de Niquelândia, foram realizadas em caráter emergencial na última semana pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, após o gravíssimo acidente envolvendo um caminhão-compactador de lixo do Poder Executivo, onde três funcionários públicos morreram na manhã da segunda-feira (17).
A titular da pasta – Geane Cristine Silva, que reassumiu o posto recentemente à convite do prefeito Fernando Carneiro (PSD) – detalhou o trabalho na tarde desta segunda-feira (24) ao Portal Excelência Notícias, com exclusividade.
Ainda que em meio à tragédia que ceifou a vida de Antonio Pedro Cunha; de Jurandir Botelho Pimentel; e de Jurandir Pereira da Silva (lotados no Urbanismo), os funcionários do Meio Ambiente precisaram agir rápido.
O Córrego Olaria, segundo ela, tem seu início numa vasta área de serra onde se localizada a mina de minério de níquel da atual Companhia Brasileira de Alumínio (CBA/Votorantim); e termina por desaguar no Rio Bacalhau.
Ainda no dia da tragédia – tão logo o secretário municipal de Urbanismo, Wendel Vitor de Morais a comunicou do fato – Geane foi até o local do acidente (uma ribanceira às margens da GO-532, que liga a Anglo American a Niquelândia) por volta das 14 horas para identificar o impacto ambiental que fora causado.
Segundo a secretária de Meio Ambiente, como houve o desprendimento do compactador de lixo do chassi do caminhão, ocorreu derramamento de resíduos (sólidos, dos sacos coletados naquele dia) e líquidos (caso do chorume, que é o líquido proveniente da decomposição do lixo).
Por apenas esses dois aspectos, detalhou Geane, as consequências ao meio-ambiente seriam apenas de pequeno impacto à salubridade do Córrego Olaria.Porém, de acordo com a secretária municipal, a preocupação maior da equipe foi com o vazamento de óleo diesel (do tanque do caminhão, cujo reservatório estava pela metade); e dos demais óleos lubrificantes do pesado veículo.
O QUE FOI FEITO – Como todos sabem, água e óleo não se misturam. Assim, a primeira barreira de contenção do combustível derramado pelo caminhão no córrego foi delimitada numa área de seis metros de extensão pela secretaria.
No primeiro momento, nessa primeira barreira, empregou-se sacos fabricados em ráfia de polipropileno (material com alta resistência química, inclusive a solventes) que foram enchidos com serragem.Como se sabe, tais resíduos de madeira possuem alta capacidade de reter óleo; e são largamente utilizados em todo o Brasil pelo Corpo de Bombeiros após acidentes de automóvel onde há vazamento de óleo combustível no asfalto de ruas e estradas, para evitar novos acidentes.
No dia seguinte ao acidente – na terça-feira (18), quando houve o sepultamento dos três funcionários públicos – Geane Cristine detalhou que a extensão da barreira de contenção feita pela Secretaria de Meio Ambiente no Córrego Olaria passou de 6m para 17m de comprimento, para a retirada da maior quantidade possível de óleo diesel das águas.
Outra providência também tomada foi a elevação da altura dessa barreira de contenção. Com o auxílio de ganchos, os sacos de lixo que ainda flutuavam no córrego foram retirados.
Embora a quantidade de dejetos parecesse pequena nas fotos registradas pela imprensa local no dia do acidente, a secretaria de Meio Ambiente contou que os resíduos retirados do Olaria foram suficientes para encher dois tambores daqueles usados para o armazenamento de óleo diesel, com capacidade de 200 litros do combustível cada um.
Ainda na terça-feira (18) – num trabalho de técnica mais ‘refinada’, por assim dizer – a Prefeitura de Niquelândia empenhou-se na ‘rapagem’ (tal como se fosse um rodo) de resíduos de óleo diesel que ainda eram visíveis nas águas do Córrego Olaria.Para tanto, detalhou a secretária, sete unidades de tipo de boia usada em aulas de natação (conhecidas como “espaguetes”) foram emendadas umas às outras, revestidas com pedaços de estopa (20 sacos, no total), percorrendo-se por várias vezes o trecho onde houve o dano ambiental.
Por fim, na quarta-feira (19), a equipe da Secretaria do Meio Ambiente voltou ao Córrego Olaria para uma verificação final do local.
Após a constatação de que não havia mais sacos de lixo boiando no local, partiu-se para o arremate: enchimento de um terceiro tambor, dessa vez com resíduos de estopa e de óleo diesel, provenientes do manejo do dia anterior, material esse que devidamente incinerado em local apropriado.
SECRETÁRIA AVALIA OS RESULTADOS – Fizemos uma ação rápida, primeiramente com a contenção do diesel e demais óleos que vazaram do caminhão. A barreira de sacos de ráfia com serragem serviu como uma espécie de filtragem para que a água do córrego seguisse seu curso, sem os resíduos de combustível. Poderia sim haver um problema ambiental pois o (córrego) Olaria desemboca no (rio) Bacalhau, que desemboca no Lago (de Serra da Mesa). Não seria nada gigantesco, mas causaria um grande transtorno pois existem várias famílias residentes ao longo desses trechos que eu citei, uma vez que o óleo diesel inibe a oxigenação da água e provoca morte na fauna aquática (peixes), o que não foi o caso naquela região. Considero que o trabalho foi 98% satisfatório, pois nossa equipe doou-se muito às ações, com muita garra, praticamente sem horário para deixarem o local ao longo dos dois dias dessa recuperação ambiental que fizemos. Atualmente, as fontes naturais de água estão cada vez mais escassas e, também por isso, jamais deixaríamos que os pequenos produtores rurais daquela região sofressem algum tipo de comprometimento ambiental em suas áreas com esse impacto do vazamento de óleo e de sacos de lixo, em função daquele trágico acidente com o caminhão-coletor do município”, afirmou a secretária Geane Cristine.