PM frustra plano de adolescente que articulava matança de alunos e professores em escola de Uruaçu
Ação ocorreria no Colégio Estadual Alfredo Nasser; alarmou comunidade escolar e chocou a cidade do Norte do Estado, um mês após tragédia em Suzano/SP: jovem fez rascunho detalhado de como pretendia usar armas do pai, que não sabia das intenções do filho
“Sessenta balas por arma; mirar na cabeça; e finalização a faca começando por diretores; coordenadores; professores e porteira”. Trecho extraído de um meticuloso plano de massacre – frustrado pela Polícia Militar (PM), felizmente – aponta que um adolescente de 16 anos pretendia matar de 30 a 50 pessoas no interior do Colégio Estadual Alfredo Nasser na tarde desta quarta-feira (17) em Uruaçu.
Tudo havia sido calculado nos mínimos detalhes: o rapaz pretendia usar duas espingardas e um revólver calibre 38, de propriedade de seu pai. O armamento, devidamente municiado, foi localizado na casa da família do adolescente. O homem, segundo a PM, não sabia das reais intenções do filho.
A ação, de acordo com os escritos apreendidos pelos militares, também previa o uso de gasolina em galões, tanto para uma tentativa de atear fogo na escola e/ou a possibilidade de fabricação de explosivos conhecidos como “coquetel molotov”, quando a PM de Uruaçu chegasse ao local.
A tragédia – caso realmente se confirmasse na cidade do Norte do Estado – guardaria inúmeras semelhanças com o triste acontecimento que vitimou 10 pessoas na Escola Raul Brasil em Suzano/SP, no último dia 10 de março.
Na ocasião, seis alunos e dois funcionários da instituição de ensino paulista foram assassinados por dois rapazes, um deles menor de idade. Ao final do massacre, um matou o outro e depois se suicidou.
O PLANO – De acordo com o comandante do 14º Batalhão da Polícia Militar em Uruaçu, tenente-coronel Maxwell Franco de Morais, informações em caráter preliminar apontam que o jovem apreendido em Uruaçu realmente poderia perpetrar a sequência de assassinatos.
Tudo porque o adolescente havia postado anteriormente – em grupos de aplicativos de mensagens – o desejo de matar em série quem encontrasse pela frente no interior do Colégio Estadual Alfredo Nasser.
A preocupação dos pais com a possível tragédia em Uruaçu aumentou sobremaneira exatamente nesta quarta-feira/17, dada a informação de que o adolescente havia faltado às aulas pela manhã; e por isso, proibiram seus filhos de ir à escola no período da tarde, temendo a matança.
Após as diligências em que a PM acabou localizando o jovem quando levava sua irmã para uma outra escola da cidade, os militares o questionaram sobre a veracidade do que estava sendo investigado.
Para total surpresa e espanto dos PMs de Uruaçu, o adolescente demonstrou frieza em seu relato e admitiu que realmente cometeria o massacre no Colégio Alfredo Nasser.
Porém, o rapaz ainda estava em dúvida se tiraria a própria vida após matar alunos, professores e funcionários; ou se entraria em confronto com a PM (situação que, em tese, seria baleado e morto pelos militares do 14º BPM).
Numa entrevista em vídeo de 13 minutos – conduzida pelo radialista Motta Filho, da Rádio Liberdade 1320 AM de Uruaçu cujo conteúdo o Portal Excelência Notícias teve acesso – o comandante da PM da cidade e o tenente Alberto Condez deram detalhes sobre o perfil do adolescente; e relataram a percepção pessoal de ambos frente à tragédia sem precedentes que, por pouco, não ocorreu em Uruaçu nesta quarta-feira.
DETALHES SÓRDIDOS – “Ele (o adolescente) alegava que ia conseguir mais dois (colegas) para efetivar esse fato, o que por enquanto nós não descobrimos quem seriam, situação essa que será alvo de investigação por parte da Polícia Judiciária. Nesse rascunho que encontramos, além dele apontar que pretendia atingir de 30 a 50 vítimas, esse jovem dizia que chegaria atirando na secretária, na diretora, e professores porque, nessa escola, existe um corredor onde fica a parte administrativa. E, depois, ele atiraria nos alunos. Ele (o jovem) também escreveu, de forma bem detalhada, que estava tentando imaginar quantos minutos nós, da Polícia Militar, demoraríamos para chegar ao local depois da tragédia. Ele também pensava em levar de cinco a sete litros de gasolina para a escola. E o que nos assustou muito foi o trecho onde ele argumentava se ele ia se suicidar ou se iria confrontar conosco até morrer”, detalhou o tenente Condez, também para Motta Filho.
De acordo com Maxwell, a primeira providência com a descoberta do provável fato – ainda na noite da terça-feira/16foi acionar o Serviço de Inteligência da PM em Uruaçu e informar o Comando Regional da corporação sobre a delicada situação.
Tudo visando, claro, o maior aparato possível de homens e viaturas pudessem ter ciência da eventual gravidade do caso além de outras medidas inerentes ao planejamento estratégico da própria PM e demais forças de Segurança Pública em Uruaçu.
Uma das coisas que mais surpreenderam o tenente-coronel, além das espingardas e do revólver apreendidos, foi o fato do adolescente possuir uma planta baixa do prédio do Colégio Alfredo Nasser, ou seja, das divisões internas das paredes da escola para delimitar a extensão do ataque a alunos, educadores e demais funcionários.
O oficial também destacou a participação positiva da comunidade uruaçuense em denunciar uma situação eminentemente verídica, especialmente num momento em que as redes sociais e o Whats App são recheadas todos os dias de notícias falsas, as fake-news.
Segundo ele, houve situações parecidas anteriormente apuradas pela PM em Uruaçu que, felizmente, não tinham fundamento.
A PALAVRA DO COMANDANTE – “Nossa obrigação sempre apurar tudo. Mas esse caso de hoje era um ato realmente pensado e planejado. Posso até estar enganado, mas é muito provável que ele (o menor) colocaria esse plano em prática no dia de hoje mesmo, justamente porque ele não tinha o hábito de faltar às aulas. Felizmente, com a brilhante atuação de nossas equipes táticas do GPT e do Serviço Reservado, conseguimos evitar uma tragédia em Uruaçu. As armas apreendidas na casa não tinham registro, de tal forma que o pai teria uma parcela de participação nesse crime, sendo assim autuado pela Polícia Civil de Uruaçu por posse ilegal de arma de fogo”, comentou o tenente-coronel Maxwell Franco, na entrevista ao radialista Motta Filho.
De acordo com o comandante da PM em Uruaçu, tanto o Ministério Público e o Poder Judiciário – bem como o delegado-regional da Polícia Civil, Rodrigo Pereira – vão estudar minuciosamente as providências de ordem jurídica que poderão ser adotadas posteriormente contra o menor, que deverá ser submetido à avaliações de ordem psicológica e psiquiátrica.
Todavia, como o adolescente não cometeu nenhum crime além de ser dono de uma mente potencialmente perversa, o jovem foi ouvido pela Polícia Civil na presença do Conselho Tutelar de Uruaçu; e liberado após os trâmites burocráticos de ordem legal.