Após nove anos, delegado Gerson de Sousa reassume Polícia Civil em Niquelândia nesta segunda-feira
Cássio Arantes do Nascimento, agora ex-delegado da cidade do Norte do Estado, assumirá delegacia especializada em combate a estelionatos e demais fraudes, em Goiânia: Gerson era delegado-regional em Ceres nos últimos seis anos mas nunca deixou de morar em Niquelândia nesse período
Em portarias distintas – assinadas na segunda-feira (11) e publicadas somente na quinta-feira (14) – o delegado-geral da Polícia Civil do Estado de Goiás, Odair José Soares, formalizou as mudanças no comando do DP de Niquelândia, no Norte do Estado.
O então delegado da cidade, Cássio Arantes do Nascimento, foi designado para ser o novo delegado-titular do Grupo de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes (Gref) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Goiânia.
Já o “novo” delegado da Polícia Civil em Niquelândia, Gerson José de Sousa, é uma figura bastante conhecida da população da cidade por ter comandado o DP local até 2010.
Naquele ano, Gerson assumiu outras atribuições na PC em Goiás durante sua ascensão na carreira profissional, estando hoje na condição de “Delegado de Polícia Classe Especial I”
Porém, nesses nove anos, Gerson de Sousa continuou residindo em Niquelândia, cidade onde conheceu sua esposa Hilda Geralda da Silva Brant, que é cirurgiã-dentista.
Nos últimos cinco anos, Gerson estava atuando como delegado-titular da 16ª Delegacia Regional da Polícia Civil (16ª DRP) sediada em Ceres, no Vale do São Patrício.
AS RAZÕES DAS MUDANÇAS – Entre a manhã e tarde da quinta-feira (14), o Portal Excelência Notícias conversou com ambos os delegados sobre o sentimento e as motivações pessoais/profissionais com as novas atribuições que estão assumindo, na próxima segunda-feira (18).O delegado Gerson de Sousa relatou que pediu para voltar a trabalhar em Niquelândia ao comando-geral da PC na capital, alegando cansaço para as viagens semanais de 190 quilômetros entre a cidade onde reside e o município de Ceres, onde ficava de segunda a sexta-feira.
Antes de ser delegado-regional de Ceres por quase seis anos, Gerson de Sousa permaneceu por três anos à frente da Delegacia Estadual de Capturas (Decap) na capital, com destacada atuação na captura de foragidos dentro e fora do Estado de Goiás.
Sobre a missão de reassumir o DP de Niquelândia após quase uma década, Gerson disse que a PC local atualmente possui uma estrutura de trabalho bem melhor do que seu primeiro período como autoridade policial da cidade.
Em 2006, para se ter uma ideia de quão crítica era o trabalho de um delegado na cidade, Gerson de Sousa dava expediente em salas da atual área administrativa da Unidade Prisional de Niquelândia (UPN) no Bairro Santa Efigênia.
O portão principal da cadeia – hoje bastante reforçado por seguidas ações do Conselho da Comunidade de Niquelândia (CCN) – ficava entreaberto para que a população pudesse registrar suas ocorrências policiais, expondo um quadro de total insegurança no município em função de seguidas fugas de presos.
DISPOSIÇÃO E MATURIDADE – “Eu sempre tive o desejo de voltar a trabalhar em Niquelândia, cidade onde iniciei minha carreira como delegado há muito tempo atrás. Agora esse meu retorno deu certo pois conversei com o doutor Cássio e fizemos uma ‘permuta’ (para um delegado sair de uma cidade, outro precisa estar interessado em se deslocar também). Então, ele está indo para o local de trabalho que desejava (Deic, na capital) e eu estou regressando para minha casa e para minha cidade com muito orgulho; com mais disposição; e maturidade. Atualmente, o apoio da Diretoria-Geral da Polícia Civil ao DP de Niquelândia é algo incontestável”, comentou a autoridade policial.
O SENTIMENTO DO EX-DELEGADO – “Deixo Niquelândia com dor no coração”. A frase dita pelo agora ex-delegado da cidade do Norte do Estado na entrevista dada ontem ao Excelência Notícias revelou o enorme carinho de Cássio Arantes do Nascimento para com o município onde iniciou sua carreira na Polícia Civil em 2014, egresso do concurso público realizado pelo Governo do Estado em 2013.
Quando de sua chegada a Niquelândia, Cássio Arantes assumiu o comando do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) e do Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc).
Como essas duas unidades especializadas não possuíam prédio próprio em Niquelândia, Cássio iniciou seu trabalho na cidade em salas adaptadas no DP local, à época sob o comando do delegado Manoel Leandro da Silva.
Foi a única vez que a cidade teve dois delegados ao mesmo tempo justamente pela influência política do então prefeito e delegado aposentado da própria PC, Luiz Teixeira (PSD).Com respaldo do Poder Executivo à época, o GIH/Genarc ganharam também uma sede própria no Jardim Atlântico, na Avenida Brasil.
No local existia uma creche municipal em completo estado de abandonada, cujo prédio foi reformado por ação direta do Conselho da Comunidade de Niquelândia (CCN) com apoio do empresariado local.
Nesse período de cinco anos como delegado-lotado na área da 10ª Delegacia da Polícia Civil (10ª DRP) em Uruaçu, Cássio Arantes deixou Niquelândia apenas uma única vez por um curto período de 10 meses, justamente para ser o delegado-titular da Delegacia Municipal da Polícia Civil em Uruaçu.
Em maio de 2017, ao retornar a Niquelândia, Cássio Arantes reassumiu o comando do Genarc/GIH. Algum tempo depois, com a saída do delegado Manoel Leandro do município, tornou-se o titular da Delegacia Municipal da PC da cidade na região central, função essa que acumulou com as atribuições do Genarc/GIH até ser nomeado agora como titular de uma delegacia especializada em estelionatos e demais fraudes, em Goiânia.Para o delegado, a alegria pela ascensão na carreira profissional se confunde com o “sentimento ruim” de deixar a cidade onde fez tantos amigos; onde sua primeira filha viveu a primeira infância; e onde contou com o respeito e a simpatia dos poderes Executivo e Legislativo.
Isso sem contar, ainda, do apoio de praticamente de todos os segmentos da sociedade niquelandense; dos policiais civis que foram seus subordinados nestes cinco anos; das parcerias de sucesso com demais forças de Segurança Pública em Niquelândia (como a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros); e com os organismos de apoio, caso do Conselho da Comunidade presidido por Amail Rocha da Mota.
Cássio também agradeceu o respaldo que recebeu do Ministério Público/MP e do Poder Judiciário nos inquéritos que presidiu em Niquelândia; da subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); e dos advogados da cidade em geral.
O delegado também destacou o apoio da imprensa local na divulgação das ocorrências de maior repercussão, que colaboraram assim para o respeito alcançado por Cássio junto à cúpula da PC goiana.
MOMENTO ERA ADEQUADO PARA A SAÍDA, AFIRMA EX-DELEGADO
“A oportunidade de assumir o comando do Grupo de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes (Gref) do Deic – um local de relevância – é algo bom para a minha carreira. Mas o sentimento de deixar a cidade, onde me tornei Cidadão Niquelandense, é realmente ruim. Gosto muito de Niquelândia, da população, onde sempre tivemos um suporte muito bom de todos os segmentos, o que foi muito importante para o meu início da minha vida profissional como delegado. Niquelândia é um local que vou carregar para sempre comigo. Mas também quero pedir desculpas à comunidade por não termos conseguido desvendar todos os crimes. Como isso não foi possível, não posso dizer que tive uma atuação com índice de 100% de resolutividade. Mas fizemos um ótimo trabalho, graças às minhas equipes de agentes, escrivães de polícia, que trabalhavam comigo em Niquelândia. Entretanto, tenho a ideia de que delegados, juízes e promotores não devem permanecer muito tempo na mesma cidade pois, embora eu respeite posições contrárias, creio que essas autoridades acabam perdendo um pouco do gás e do brio em suas atuações. O momento da minha saída da cidade é um momento bom e adequado, pois acho que produzimos mais do que deixamos de fazer. Hoje, eu arriscaria dizer que estou mais perdendo alguma coisa do que estou ganhando. Deixo Niquelândia com o coração partido, agradeço muito a todos, mas isso faz parte da vida”, afirmou o ex-delegado da cidade na última entrevista ao Excelência Notícias.