“Uma doença dessas transforma a alma e a nossa forma de agir”, disse Zé Aurélio em sua última entrevista

A partir de depoimentos colhidos pelo radialista Gilmar Alves – em duas reportagens distintas e muito bem elaboradas que foram veiculadas no programa jornalístico Diário RM nesta semana pela Rádio Mantiqueira 92,3 FM – o Portal Excelência Notícias apresenta agora uma reportagem especial em homenagem ao advogado José Aurélio Silva Rocha, que morreu na manhã da quarta-feira (20) aos 54 anos em Brasília, vitimado por um agressivo câncer no estômago; e foi sepultado às 22h30 do mesmo dia em Niquelândia, sua cidade natal.

Nossa intenção – desde já agradecendo a cessão do material pelo diretor-presidente da emissora, Márcio Rocha – é eternizar tudo o que foi dito e falado pelos políticos da cidade sobre o sentimento pessoal de cada um dos entrevistados pela Mantiqueira FM por ocasião da notícia do falecimento e também durante o velório do advogado.

José Aurélio, como se sabe, era advogado criminalista. Presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Niquelândia e foi candidato a prefeito da cidade em 2016, terminando a disputa em terceiro lugar.

O jornalista Euclides Oliveira – proprietário do Portal Excelência Notícias, que estava em Goiânia quando do anúncio da morte de José Aurélio – não pôde fazer tal trabalho de ouvir as autoridades niquelandenses pois regressava às pressas para o município, onde chegou somente às 19h30 daquele dia, afim de acompanhar os funerais do advogado.

Portanto, na tarde desse sábado (23), o Excelência Notícias debruçou-se nas entrevistas colhidas pelo radialista Gilmar Alves para tal intento, ouvindo-as com bastante atenção;  e trazendo-as por escrito aos leitores deste portal.

Também buscamos fotos antigas de José Aurélio para realizar esse trabalho de homenagem ao falecido advogado que concedeu, ao próprio jornalista Euclides Oliveira, dezenas de entrevistas quando este trabalhava como repórter no Jornal Diário do Norte, também em Niquelândia.

Acompanhe, a seguir, a repercussão da morte do advogado José Aurélio Silva Rocha entre familiares e políticos da cidade do Norte do Estado:

ALEM DE AMIGO, UM CONSELHEIRO – “Toda a comunidade jurídica, nossa classe de advogados, ficou completamente sentida por essa perda que tivemos. O doutor José Aurélio, além de amigo, era um conselheiro, uma pessoa de lealdade extrema; e agora ficará essa lacuna em nossa comunidade. Aos filhos, os dois advogados Marco Aurélio e Caio Brito, e ao filho mais novo, Luiz Henrique, desejo que consigam estar em paz, neste momento tão pesaroso” (Leandro Pereira da Silva, advogado e atual presidente da Subseção da OAB em Niquelândia)

IMENSA FALTA – “Além de ser um político com uma bela trajetória, o doutor José Aurélio era um amigo pessoal e um grande companheiro. Zé Aurélio era um homem íntegro, humano, que sempre lutou por grandes causas do nosso município e deixará em nossas lembranças o seu legado. Niquelândia, sem dúvida nenhuma, perde uma grande personalidade, um grande líder e um dos melhores advogados que a cidade já teve. Certamente, ele nos fará uma imensa falta, por tratar-se de uma perda irreparável. Por isso, naquele dia, também decretamos luto oficial de três dias por seu passamento. (Fernando Carneiro da Silva, prefeito de Niquelândia)

LUTO NO LEGISLATIVO – “Foi com muita tristeza que recebi – naquele dia, pela manhã – a notícia do falecimento do nosso grande amigo e parceiro, o doutor José Aurélio, lá em Brasília. A Câmara Municipal é solidária e reconhece os serviços prestados por ele a toda comunidade. Por isso é que eu, como político e como amigo, baixei o decreto com o luto oficial de três dias; e enviamos nossos pêsames à família, especialmente para a sua mãe, a dona Cândida, uma pessoa incrível. Eu o conhecia desde criança e não é fácil perde um ente querido, principalmente para a família.  Essa foi uma semana de tristeza para todos nós pelo falecimento do querido doutor José Aurélio. (Léo Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Niquelândia).

CAPACIDADE DIFERENCIADA –  “Acima de tudo, essa grande presença de pessoas aqui no velório é a clara manifestação de tudo o que Zé Aurélio conquistou durante sua trajetória de vida, profissional e pessoal, como homem, como político e como companheiro, pela sua lealdade com todos aqueles que conviveram com ele. Nós, como família, apesar da dor, recebemos com muito carinho e muita gratidão a vinda desse imenso público. Deus deu ao Zé Aurélio a capacidade diferenciada de ser um cara muito lúcido e ele sempre pensava à frente da gente. E ele, sabendo do momento e do quadro clínico da saúde dele, estava consciente de que era difícil reverter sua situação.  No sábado passado, estive com ele em Brasília e ele agradeceu ao povo de Niquelândia por todas as orações. Ele esteve lúcido o tempo todo e morreu como um passarinho, conversando. isso nos conforta porque, embora diante do nosso sofrimento, ele se foi na hora que Deus quis e partiu em paz”. (Wilton Rocha, primo)

PROFUNDA DOR – “Nós perdemos o Zé Aurélio, mas fica para nós uma lembrança muito boa de um homem que sempre foi amigo e parceiro, em todas as horas. O que temos a fazer agora é pedir a Deus para que possa dar um lugar de descanso, muito merecido, para o Zé Aurélio; e que ele possa ter a vida eterna ao lado de Deus. É até difícil, para nós, olharmos para seus filhos, para sua mãe, para sua atual esposa e para sua ex-esposa, e notarmos aquele sentimento muito profundo de dor. Eu também tive um problema de câncer que, em dezembro agora de 2018 completou-se um ano da minha cirurgia. E a primeira visita que recebi foi justamente do Zé Aurélio, juntamente com minha esposa, a Gláucia. Para mim, foi um choque e uma descoberta inesperada (o tumor) mas graças a Deus corremos à tempo e hoje estou bem, com acompanhamento, mais bem. E na mesma ocasião em que operei, o Zé Aurélio já estava se queixando de dor nas costas (descobriu-se posteriormente que as dores eram a metástase do tumor) Na minha volta de Goiânia para Niquelândia eu o visitei em Anápolis, naquela fase inicial das consultas, que acabariam revelando essa situação (o câncer no estômago) e levando-o a morte. No último Muquém, eu e ele fomos juntos, a pé. Ele estava bem e sentia recuperado da doença. Mas, infelizmente, a vida é assim mesmo” (Wilton Roberto Guimarães, ex-vice-prefeito de Niquelândia)

CAUSAS GRATUITAS – “Ele, sem dúvida, ajudou muita gente, defendendo os direitos dos cidadãos, advogando inclusive para muita gente que não podia pagar (os honorários). Eu comecei a advogar aqui em Niquelândia quase na mesma época em que ele começou. E o primeiro escritório que o Zé Aurélio advogou foi no meu, pois chamei ele pra trabalhar comigo. Fizemos centenas de causas gratuitamente, para ajudar as pessoas. Ele era um advogado competente, muito dedicado; e me orgulho de ter convivido com ele, como filho de Niquelândia, como cidadão, e como político. O Zé Aurélio fara parte da história de Niquelândia pelos muitos feitos que deixou para nossa cidade, através de seu esforço, do seu amor ao povo de nossa cidade, e de ver Niquelândia crescer e se desenvolver”. (Carlos Antonio de Godoi, advogado e ex-presidente da OAB em Niquelândia)

O PRIMEIRO ESCRITÓRIO – “Quando me formei em 2004, e voltei para Niquelândia para iniciar minhas atividades na advocacia, eu fui trabalhar com o doutor José Aurélio, que abriu as portas para mim de seu escritório. Iniciei minha carreira lá, ficando dois anos com ele. Para mim, foi uma grande escola e um grande aprendizado. Infelizmente, hoje (quarta) ele nos deixou. Mas nos deixou também o legado de ter sido um grande homem, um grande advogado, um grande articulador político, e de um grande pai de família. A comunidade jurídica de Niquelândia teve uma grande perda pois o doutor José Aurélio era um advogado muito sábio, de conhecimento inigualável em nossa área profissional. Esse momento, diante dessa multidão (que foi ao velório, na quarta) representa o que foi o doutor José Aurélio para Niquelândia: um homem que sempre defendeu os interesses de sua terra natal. Por isso, todo esse povo chora a perca de um filho muito importante para Niquelândia”. (Fernando Cavalcante de Melo, advogado e presidente do PTB local)

PROFESSOR DA POLÍTICA – “Meu sentimento, nesse momento, é de imensa perda de um amigo, de um irmão, pois éramos muito ligados, tanto eu com o Zé Aurélio e bem como seus filhos e sua esposa. Então, é um momento muito difícil para mim, um sentimento de perda que deverá perdurar pela minha vida inteira. Não apenas Niquelândia, mas o Estado de Goiás perde uma liderança política diferenciada pelo fato de que o Zé Aurélio tinha suas convicções, ideias claras e pensamento muito rápido. E, sobretudo, um político que ensinou muito para nós, que estamos na política. E, hoje, nos perdemos o nosso professor da política daqui de Niquelândia”. (José Antonio de Oliveira, o Zé da Caixa, ex-vice-prefeito de Niquelândia)

SIM ERA SIM  E NÃO ERA NÃO – “Eu perdi um irmão, todos sabem muito bem disso. E Niquelândia perdeu um filho ilustre. Me faltam palavras para dizer o tanto que esse rapaz, o Zé Aurélio, era querido em Niquelândia. Ele vai fazer muita falta mesmo, pois era um político bem objetivo e muito claro em suas decisões, na base do ‘sim, sim e não, não’. Por isso, tenho certeza absoluta que, para nós, embora estejamos chorando agora sua perda, o Céu está sorrindo por recebê-lo” (Elias José Asmar, empresário e ex-secretário de Educação de Niquelândia)

CARINHO ENORME –  “Por várias horas na minha vida, eu sempre comentei lá em casa que não sabia porque o Zé Aurélio tinha um carinho tão grande por mim, um respeito especial que era muito grande. Nós éramos tão unidos que ele me fez retornar à vida pública (como vereador, após longo período sem mandato) porque eu nunca mais queria ser político. E fui eleito, em 2012. E hoje estamos aqui, de luto, chorando a perda desse grande homem, desse querido irmão”. (Reginaldo Rocha, primo e ex-vereador em Niquelândia)

ESTRUTURAR-SE NA FÉ –  “Eu estou muito abalado com tudo que anda acontecendo, porque me traz de volta todo o sentimento pela perda da minha mãe (a médica Alexandrina Guerra Adorno, a dona Xanda, que também morreu vítima de câncer, em 2018). O Zé Aurélio foi um homem que me ajudou demais, e que me deu vários conselhos nos momentos difíceis da minha vida, aqui em Niquelândia. Sofri com ele por esse problema de saúde que ele teve (o câncer) até os últimos minutos.  Ele foi até a minha casa recentemente; e tive uma conversa maravilhosa com o Zé. Entender essa situação (a morte) a gente não consegue. Eu costumo dizer que temos de nos estruturar na fé para aceitarmos os desígnios de Deus”. (Saullo Adorno, atual vice-prefeito de Niquelândia e ex-vereador por dois mandatos)

AMIZADE ESTREITA – “O povo de Niquelândia perdeu um grande advogado, um grande profissional. E nós perdemos um grande companheiro político. Militamos juntos durante mais de 20 anos, estudamos juntos, pescamos juntos! Tínhamos uma amizade muito estreita. E isso me fez honrar em ter a oportunidade de ter sido candidato com ele na chapa que formamos em 2016 à eleição municipal, em que nós perdemos. Estou realmente com o coração partido e dolorido, pelo fato da sua enfermidade e agora, com sua perda para sempre. Esperamos que Deus possa confortar nossos corações e que o povo de Niquelândia também receba de Deus esse acalento, afim de que possamos seguir em frente com nossa vida. Mas sempre lembrando do nosso amigo Zé Aurélio”. (Estrogildo Ferreira dos Santos, ex-candidato a vice-prefeito de Niquelândia com José Aurélio em 2016)

CORAÇÃO DILACERADO – “O Zé Aurélio era como um irmão para mim, muito mais do que um amigo, amigo principalmente das horas difíceis. E que não foram poucas, mas que ele sempre esteve do meu lado. Meu sentimento é de uma perda irreparável, que não tem volta, infelizmente. Mas, por outro lado, fico um pouco tranquilo porque ele passava essa tranquilidade para a gente.  Nos últimos dias, ele nos dizia que sabia que ‘chegou o meu momento (da morte) e não temos do que reclamar, pois vivemos e fizemos o que podíamos fazer. A hora que Deus achar que deve me levar estou preparado’. Mas o meu coração está dilacerado, todos podem ter certeza disso. Naquele período que ele ficou internado em São Paulo (no Hospital Sírio Libanês, onde o câncer foi descoberto) estive lá por quase todo o tempo, durante o Natal e o Ano Novo (no final de 2017). Era o pouco que eu pude fazer por ele, naquele momento, diante do muito que ele fez por mim durante esses anos todos. Fui com ele à Brasília uma vez (nas sessões de quimioterapia) e quando ele estava em Niquelândia o visitava quase que diariamente. Na segunda-feira passada, dia 18, estive visitando-o em Brasília, no hospital. Ele estava muito sonolento, mas muito consciente. Foi uma despedida, praticamente. Em 2016, quando ele disputou a eleição em que nós (a prefeitura) enfrentávamos uma situação complicada, ele (Zé Aurélio) teve quase 6.000 votos, revelando de fato que ele era uma liderança política consolidada em nossa cidade. Lamento muito por ele não ter sido eleito, pois ele tinha o sonho de ser prefeito de nossa cidade”. (Luiz Teixeira Chaves, ex-prefeito de Niquelândia por três mandatos)

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