Niquelândia

Criticas em áudio à Polícia Civil após prisão serão investigadas

José Carlos Pereira Salgado - de 37 anos, conhecido como Salgadinho - 'rasgou o verbo' em grupo de WhatsApp para difamar membros do Genarc ao ser solto mediante pagamento de fiança pelo crime de porte ilegal de arma de fogo: ofendidos, policiais registraram queixa

Três policiais civis, lotados no Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc) da Polícia Civil de Niquelândia, registraram uma ocorrência na tarde da quarta-feira (10) em que pedem a seu superior imediato – no caso, o delegado Cássio Arantes do Nascimento – que investigue o agricultor José Carlos Pereira Salgado pela suposta prática do crime de difamação pública.

O novo Registro de Atendimento Integrado (RAI) em desfavor do homem – de 37 anos, conhecido popularmente como Salgadinho – está embasado em sua manifestação pública num grupo de WhatsApp denominado “Niquelândia do Povo” com críticas indigestas aos policiais civis após ter sido preso por porte ilegal de arma por volta das 17 horas da segunda-feira (8).

Na oportunidade, segundo a Polícia Civil de Niquelândia, apurou-se denúncia anônima de que havia oito pessoas em seis veículos que estariam consumindo maconha num local conhecido como “Fazendinha” no Bairro Portal do Lago, localizado entre a segunda e a terceira etapas do Jardim Atlântico.

Em revista minuciosa nos veículos e nos indivíduos que ai estavam, sempre de acordo com os policiais civis, descobriu-se que Salgadinho tinha em seu poder um revolver calibre 38, escondido na cueca, sem munições.

De acordo com o delegado, o agricultor foi preso em flagrante e pagou fiança de dois salários mínimos (R$ 1.908,00) para responder ao processo em liberdade, como prevê a legislação em vigor depois que houve o ‘afrouxamento’ das regras até então vigentes no Estatuto do Desarmamento.

O CONTEÚDO DO ÁUDIO – “Rapaz, esses policiais aí não dão conta nem de vigiar ladrão de celular. Imagina então um ladrão de caminhonete. Eu ando mesmo armado. Eu tenho uma caminhonete avaliada em R$ 110 mil. Eu vou ficar na rua aí, dando bobeira? Eles (os policiais civis) só mexem com ‘porqueira de denuncinha’. Então, eu ando armado mesmo. Eles ‘tomou’ (o revólver) e do jeito que saí de lá (da delegacia) ontem (anteontem) e peguei outro (revólver) e botei na cintura. Rodo pra cima e pra baixo dentro da caminhonete.  Só tentar partir pra cima (dele, subtentende-se) que leva (tiro) né? ‘Nóis’ tá pronto”, afirmou o agricultor em áudio gravado por volta das 19 horas da terça-feira (9) no grupo de WhatsApp citado nesta reportagem.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, em outra mensagem de Salgadinho – dessa vez escrita, na sequência do áudio – o indivíduo dá a entender que já fora informado do nome da pessoa que denunciou a reunião das oito pessoas no Portal do Lago. “Vamos ver se ele (o informante) faz mais denúncias. X9, microondas”, escreveu ele.

Microondas, segundo a Polícia Civil, é um jargão usado por traficantes do Rio de Janeiro em que colocam seus desafetos dentro de pneus para que, em seguida, sejam queimados vivos em meio à borracha incandescente.

TIM LOPES – Foi exatamente dessa forma que, na madrugada do dia 2 de junho de 2002, o jornalista Tim Lopes foi morto enquanto realizava uma reportagem sobre abuso sexual de menores e tráfico de drogas em um baile funk na favela da Vila Cruzeiro, no bairro da Penha, no Rio de Janeiro.

O repórter da Rede Globo foi torturado e executado por traficantes liderados por Elias Pereira da Silva, o “Elias Maluco”. Num rito semelhante ao que Salgadinho supostamente propôs para tirar a vida de quem o delatou, a morte de Tim Lopes chocou a população e foi encarado como um cerceamento à liberdade de imprensa no Brasil.

De acordo com os policiais civis que registraram a ocorrência, as manifestações públicas do agricultor – que mora em Ceilândia/DF) mas é natural de Niquelândia – geraram desgaste na imagem e na honra dos agentes de investigação que efetuaram sua prisão, sobretudo porque a condução do caso inicial se deu dentro da legalidade prevista no Código Penal Brasileiro.

Segundo a autoridade policial, Salgadinho será intimado para comparecer à DP de Niquelândia nos próximos para dar sua versão formal acerca das polêmicas declarações feitas no grupo de WhatsApp “Niquelândia do Povo”, em atendimento à queixa realizada pelos investigadores do Genarc da cidade do Norte do Estado.

Ainda de acordo com Cássio Arantes, se o agricultor for flagrado novamente portando arma ilegalmente – já que anunciou publicamente no WhatsApp que havia providenciado outro revólver à substituição do que fora apreendido – a Polícia Civil poderá requerer a prisão temporária ou até mesmo preventiva de José Carlos Pereira Salgado junto ao Ministério Público (MP) e ao Poder Judiciário.

A reincidência no mesmo delito pode representar – em tese, se existirem elementos de prova suficientes – que Salgadinho representa risco real à sociedade niquelandense, segundo o delegado de Niquelândia, o que justificaria seu recolhimento por algum período à cadeia da cidade no Bairro Santa Efigênia.

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