“Recordar o passado é sofrer duas vezes”, afirma Alcides, sobre relação política com Marconi
Alcides Rodrigues, que foi governador de Goiás entre 2007 e 2010, sai do ostracismo após oito anos e disputa vaga de deputado federal. Na quinta-feira (27), Cidinho pediu votos em Uruaçu e em Niquelândia e disse que foi perseguido por Marconi Perillo, de quem foi vice-governador por oito anos
O ex-governador Alcides Rodrigues (PRP), que é candidato a uma vaga de deputado federal nas eleições deste ano, fez campanha em duas cidades do Norte do Estado entre a tarde e a noite da quinta-feira (27). Em Uruaçu, Cidinho reuniu-se com o empresário, pecuarista e candidato a deputado estadual Azarias Machado, o popular Machadinho (Podemos).
Machadinho, a exemplo do próprio ex-governador, integra a base de apoio do senador e candidato ao Governo de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Além de Cidinho, o principal nome do PRP no Estado é o do radialista e vereador em Goiânia, Jorge Kajuru, que é candidato ao Senado.
Em Niquelândia, Cidinho foi recepcionado no aeroporto da cidade pelo ex-presidente do diretório local do MDB, Elias José Asmar, que organizou reunião política em favor do ex-governador no salão da Laços Eventos, naquela mesma noite.
Aliás, pouca gente sabe, mas Elias Asmar é muito próximo de Cidinho por uma particularidade: a dermatologista Renata Araújo Asmar Rodrigues, sua filha, é a atual primeira-dama de Santa Helena de Goiás. A cidade do Sudoeste do Estado é a terra natal do ex-governador e do atual prefeito João Alberto Rodrigues (PRP), que é casado com Renata.
A VOLTA, OITO ANOS DEPOIS – Na casa de Elias, o ex-governador Alcides Rodrigues conversou com exclusividade com o Portal Excelência Notícias. Com a calma e tranquilidade que lhe são peculiares, Alcides disse que, embora afastado da vida pública desde o final de 2010, continuou militando politicamente nos bastidores da política goiana.
A decisão em disputar mandato no Congresso Nacional, após oito anos sem ocupar cargos eletivos, foi tomada nos últimos 60 dias segundo ele, o que está representando certa dificuldade em sua campanha. De acordo com Cidinho, o eleitor está muito descrente com a classe política, o que atrapalha a tarefa de pedir votos.
HISTÓRIA – Cidinho, como se sabe, foi vice-governador de Goiás por sete anos e quatro meses entre janeiro de 1999 e abril de 2006, durante o primeiro e segundo mandatos do então governador Marconi Perillo (PSDB).
Na ocasião, assumiu o Governo de Goiás e foi reeleito em outubro de 2006 com apoio de Marconi, que disputou e venceu a primeira eleição que pleiteou vaga para o Senado, com mais de 2 milhões de votos.
Em 2007, Marconi foi para Brasília e Alcides instalou-se definitivamente no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia. Mas a crise de relacionamento entre ambos se instalou quando Cidinho, pouco meses após tomar posse como governador, dar seguidas declarações à imprensa de que o Governo de Goiás operava com déficit de R$ 100 milhões por mês nas contas públicas.
E Jorcelino Braga, que era secretário estadual da Fazenda no governo Alcides, alardeava que a folha de pagamento dos servidores do Estado representava representa um verdadeiro “câncer” no Orçamento do Estado.
Sem citar nomes à época, Jorcelino deixou claro que a aprovação de 22 planos de cargos e salários em março de 2006 pelo então governador Marconi teria sido responsável pela crise que se instalou no Estado, àquela época.
Cidinho, então, apresentou proposta de reforma administrativa no final de 2007 para promover o corte de 50% da estrutura do Estado (com a demissão de servidores comissionados, redução drástica de salários e extinção sumária de cargos de chefia) com o intuito de tentar reduzir o déficit do Estado à metade, na casa dos R$ 50 milhões/mês.Em 2010, já rompido politicamente com Alcides, Marconi disputou e elegeu-se governador de Goiás pela terceira vez, sendo reeleito em 2014 para seu quarto mandato. Renunciou em 2018 para ser novamente candidato ao Senado no pleito que ocorrerá no próximo domingo, dia 7 de outubro.
Na entrevista em Niquelândia, Cidinho resgatou parte da antiga proximidade entre os dois; e disse que o fato de hoje estar na oposição a Marconi é um fato inerente à sua história política já que ambos estavam na oposição ao então governador Iris Rezende (MDB) na eleição em que derrotaram o então senador Maguito Vilela (MDB), candidato ao governo em 1998.
PERSEGUIÇÕES – “Não tenho nada em especial para dizer sobre aquele ‘desencontro político’ que ocorreu (entre ele e Marconi). Dizem que recordar o passado é sofrer duas vezes e, por isso, não quero sofrer novamente. Fui muito perseguido logo depois que deixei o Governo do Estado, injustamente. Mas a vida seguiu adiante e fui cuidar dos meus negócios em Santa Helena, participando de outras campanhas eleitorais de amigos e companheiros. Agora, como candidato a deputado federal, espero continuar trabalhando em prol de Goiás e dos goianos nos próximos quatro anos”, afirmou o ex-governador.
Em Uruaçu e em Niquelândia, Alcides esteve acompanhado pelo ex-deputado federal Sérgio Caiado, que foi seu secretário estadual de Infraestrutura; e pelo ex-deputado estadual Francisco Bento da Silva – o Chiquinho da Gráfica, de Porangatu – que representou a cidade e o Norte do Estado na Assembleia Legislativa entre 1995 e 1998.