Marconi crê na reeleição de Eliton mesmo com cenário desfavorável
Novamente candidato ao Senado após renúncia no final de 2010 para assumir comando do Estado pela 3ª vez e reeleger-se pela 4º vez em 2014, ex-governador tucano promete que José Eliton irá ajudar o prefeito Fernando Carneiro, do PSD, se houver "virada" nas urnas contra Ronaldo Caiado
“Os eleitores e as pessoas, de um modo geral, estão percebendo o trabalho que fizemos nos meus governos e as propostas dele. Com o apoio da nossa base e a força da nossa militância, tenho a certeza de que o Zé Eliton vai estar no segundo turno e será eleito governador de Goiás”. Foi dessa forma – em rápida entrevista exclusiva ao Portal Excelência Notícias em Niquelândia na noite da quinta-feira (13) – que o ex-governador e candidato ao Senado, Marconi Perillo (PSDB), definiu as perspectivas da “Coligação Goiás Avança Mais” para a sequência do embate político entre o atual governador José Eliton Júnior (PSDB) com o senador Ronaldo Caiado (DEM), na disputa pelo Governo de Goiás no próximo dia 7 de outubro.
Apesar da tendência de crescimento nos índices de intenção de votos para o atual governador – que foi vice no terceiro e quarto mandatos de Marconi entre janeiro de 2011 e abril deste ano – todas as pesquisas ainda indicam vitória de Caiado no primeiro turno, com Zé Eliton em segundo lugar e Daniel Vilela, deputado federal e candidato do MDB, cada vez mais isolado na terceira posição.
A declaração motivacional de Marconi na cidade do Norte do Estado foi dada pelo político no exato momento em que o próprio ex-governador experimenta situação de relativa tensão nas pesquisas para chegar ao Senado – empate técnico na faixa dos 25 a 28% com os candidatos Lúcia Vânia (do PSB, que disputa a reeleição pela mesma coligação); e Jorge Kajuru (do PRP, vereador em Goiânia apoiado por Caiado).
Sem o aparato governamental e de segurança que desfrutava como mandatário estadual, Marconi foi muito mais solícito e atencioso com as pessoas antes do início da reunião em Niquelândia, na corrida por uma das duas vagas em disputa para o Senado: a da própria Lúcia Vânia e a de Wilder Morais (DEM), que está na base de Caiado.
Wilder era suplente do então senador Demóstenes Torres (hoje no PTB, à época no DEM), cassado em 2012 pelo Congresso Nacional por suposto envolvimento com esquemas de corrupção e favorecimento pessoal. Caiado foi eleito senador em 2014 e tem mandato vigente até o final de 2022.
TRAJETÓRIA – Marconi, como se sabe, foi eleito senador por Goiás pela primeira vez nas eleições de 2006 com 2.035.000 votos, após sete anos e quatro meses em dois primeiros mandatos à frente do Governo do Estado (entre janeiro de 1999 e abril de 2006).Eleito governador pela terceira vez em 2010, ficou apenas quatro anos no Congresso Nacional em Brasília, tendo renunciado em janeiro de 2011 para retornar ao Palácio das Esmeraldas.
Em 2014, Marconi foi candidato a reeleição e sagrou-se vitorioso pela quarta vez. O candidato ao Senado, naquele pleito, era o ex-deputado federal Vilmar Rocha (PSD). Filho de Niquelândia, Vilmar recebeu mais de 1 milhão de votos, mas perdeu para Caiado na ocasião.
Agora, Vilmar é candidato a primeiro suplente de senador de Marconi com a perspectiva de exercer efetivamente o cargo logo nos primeiros dias de 2019 se o ex-governador de São Paulo (PSDB), Geraldo Alckmin, for eleito presidente e convidar Marconi para assumir um ministério.
COMO FOI A REUNIÃO – Conjecturas à parte, Marconi e Vilmar foram recebidos em Niquelândia pelo prefeito da cidade, Fernando Carneiro (PSD); pela primeira-dama Juliana Alves Campos, atual secretária de Assistência Social da cidade; e pelo vice-prefeito Saullo Adorno (PTB) na presença de outros apoiadores de sua base no Poder Executivo.O advogado e presidente de honra do PSDB local, Carlos Godoi, também marcou presença na reunião política que ocorreu no salão de eventos do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Niquelândia (Sitien).
O prefeito de Uruaçu, Valmir Pedro (PSDB); e a deputada estadual Eliane Pinheiro (PSDB), que disputa a reeleição, também prestigiaram Marconi, a exemplo do presidente da Câmara Municipal de Niquelândia, Léo Ferreira (PSB); e do ex-prefeito Ronan Rosa Batista (PP) acompanhado pela esposa e ex-primeira-dama Gracilene Batista (PR).
Candidata derrotada à Prefeitura de Niquelândia nas eleições de 2016, Gracilene foi candidata a deputada estadual por curto período na legislatura passada e hoje faz raríssimas aparições públicas na cidade.
O QUE DISSE MARCONI – O candidato ao Senado pelo PSDB abriu seu discurso em Niquelândia parabenizando o atual prefeito Fernando Carneiro, pela expressiva votação de quase 72% dos votos válidos que o atual chefe do Executivo recebeu há três meses, em eleição suplementar.“Foi uma demonstração de apreço e de confiança do povo de Niquelândia pelo doutor Fernando. Eu gosto dos discursos dele, que não passam de um minuto, bem objetivos, de forma curta e grossa. É bem melhor para a cidade quando um político fala menos e trabalha mais”, afirmou o ex-governador, em humorado comentário sobre a timidez do prefeito local para falar em público.
Fora isso, Marconi Perillo lembrou-se de suas grandes e recentes preocupações com Niquelândia durante a desastrada gestão do agora ex-prefeito Valdeto Ferreira (PSB), que governou a cidade entre janeiro de 2017 e maio deste ano.
“Eu, como governador, ficava angustiado com as dificuldades muito grandes com várias folhas de pagamento em atraso. A cidade estava num beco sem saída, até que chegou o Fernando”, afirmou ele.
Segundo o ex-governador, Fernando Carneiro reconheceu a existência de dívidas de gestões passadas e disse estar tentando resolver todas essas pendências de ordem financeira com a categoria.
Nas palavras de Marconi, a eleição que ocorrerá em outubro será crucial para Niquelândia. Ele citou que o Governo do Estado assumiu recentemente 100% dos custos com o transporte escolar por determinação de Zé Eliton em maio (durante o mandato-tampão do prefeito interino Léo Ferreira).
“Dei minha palavra para o doutor Fernando que essa ajuda continuará, se o Zé Eliton for reeleito para o governo”, afirmou Marconi.
Ainda de acordo com o candidato ao Senado, José Eliton conseguiu destinar R$ 3 milhões para o asfaltamento de dois bairros da cidade pelo Programa Goiás na Frente por meio de licitação (em andamento) feita diretamente pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego).Como se sabe, a Prefeitura de Niquelândia enfrentava dificuldades pela ausência de certidões negativas e não podia receber recursos estaduais na forma direta, nas contas do município.
ALFINETADAS EM CAIADO – “Isso é só o começo. Com a vitória do Zé Eliton – que gosta demais do doutor Fernando e de Niquelândia – a cidade vai receber muito mais convênios investimentos do Estado. O povo de Niquelândia e o doutor Fernando precisam ter um governador como Zé Eliton ao seu lado. Acredito no bom senso. Governador não pode governar brigando com os outros, não pode governar com a bota na cabeça do povo; não pode governar só para ricos. Governador tem que ter alma, tem que ter sensibilidade, tem que ter cabeça, tem que ter coração. Só consegui fazer muito por Goiás porque fui um homem de diálogo, um governador conciliador e de paz”, completou Marconi, ao ‘cutucar’ o temperamento hostil de Caiado de forma indireta em Niquelândia.
VOTORANTIM – O ex-governador também citou que, em seguidas conversas com a direção da Votorantim Metais em São Paulo/SP, ele e Vilmar obtiveram a informação de que o preço da tonelada do níquel está se recuperando e já atinge 13.700 dólares no mercado internacional.Porém, segundo Marconi, como os valores ainda estão muito voláteis – subindo e descendo, de forma constante – a Votorantim ainda não se sente segura para retomar sua atividade e recontratar funcionários para sua planta no Acampamento Macedo.
“Quando a Votorantim anunciou que fecharia aqui em Niquelândia, eu e o Vilmar entramos em desespero. Naquela época (em janeiro de 2016), eles nos alegaram que a retomada dependeria do preço. Mas ainda não retomou. Por isso, em nome do Zé Eliton, estou aqui para reafirmar nosso compromisso com Niquelândia, em continuar tratando sobre isso com a diretoria da empresa”, afirmou o ex-governador.
PESQUISAS E OBRAS – Sobre as pesquisas para o Senado e para o Governo de Goiás, Marconi relembrou a eleição de 1998 quando era deputado federal e decidiu ‘peitar’ a campanha para o Estado, época em que tinha apenas 3% de preferência do eleitorado goiano e Iris Rezende (MDB) mais de 80% de intenções de voto.
“Se eu fosse depender de pesquisas, eu não estaria aqui em Niquelândia como governador, por quatro vezes. Se as pesquisas (de 2014) não tivessem sido maldosas com o Vilmar, ele teria sido eleito senador. No dia anterior (da eleição), a Pesquisa Serpes (do jornal “O Popular”) deu 19% para o Vilmar. Quando as urnas foram abertas, o Vilmar teve 39% dos votos”, resgatou Marconi.
No evento político, ele também elencou as obras e programas sociais (como Renda-Cidadã, Cheque-Moradia, Cheque-Reforma; Bolsa Universitária; e Salário-Escola) que criou no Estado nos últimos anos, citando os muitos benefícios distribuídos em Niquelândia para reiterar seu pedido de votos para eleger-se novamente senador e para que José Eliton continue no comando do Estado como seu sucessor.
“Naquela época, o Vilmar organizou aqui em Niquelândia o meu segundo comício. O primeiro foi em Goianésia. De lá pra cá, temos uma história de trabalho com Niquelândia. Construímos a rodovia para o Muquém; e a rodovia BR-414 daqui até Cocalzinho, passando pelo Faz Tudo, pelo Quebra-Linha e por Dois Irmãos. Foi uma luta porque, naquele tempo, o Governo Federal delegou a responsabilidade dessa rodovia para nós, do Governo do Estado. E eu fiz essa grande parte dessa obra. Também reconstruímos a rodovia entre Uruaçu e Niquelândia, que estava bastante estragada. E também já fiz boa parte da estrada de Niquelândia a Colinas do Sul. No passado, trouxemos para cá a UEG; a nova rodoviária; a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE, da Saneago); e obras/reformas nos colégios estaduais. Meus governos sempre foram pautados pelo social, ajudando sempre que mais precisa”, afirmou Marconi.
ELEIÇÃO PRESIDENCIAL – De acordo com o candidato ao Senado, o Brasil está ‘no fundo do poço’ pelo aspecto administrativo, financeiro e fiscal, dizendo que o país não pode ser comandado com brigas e por políticos com ações e comportamentos ‘extremos’ (em referência indireta ao candidato a presidente Jair Bolsonaro, do PSL).
Para Marconi, o único candidato qualificado e que reúne as melhores condições de unir o País é o ex-governador paulista por quatro mandatos, Geraldo Alckmin (PSDB), citando que SP ostenta situação de equilíbrio fiscal e que é economicamente mais rico que a Argentina.
“Se o Congresso Nacional não aprovar os projetos que são importantes, o Brasil não vai sair do atoleiro. Depois que passar eleição, se não tiver um presidente que consiga essa união, não adiantará nada chorar”, sentenciou o ex-governador. Se eleito ao Senado, Marconi Perillo disse na cidade do Norte do Estado que vai defender proposta que reduz de três para duas vagas no Senado para os 26 Estados e o Distrito Federal.
KAJURU PREOCUPA VILMAR – Em Niquelândia, o candidato a suplente de senador Vilmar Rocha (PSD) elencou o excelente relacionamento político e pessoal com Marconi Perillo nesses 20 anos de governos tucanos à frente do Estado desde o surgimento do ‘Tempo Novo’ em 1998.Para o ex-secretário estadual das pastas da Casa Civil e de Cidades/Meio Ambiente, o esforço dele e de Marconi – bem como de todos os companheiros políticos de duas décadas, inclusive na cidade do Norte do Estado – culminou com um resultado positivo na gestão pública estadual.
Na cidade onde nasceu, Vilmar focou seu discurso na ida de Marconi para o Senado e disse que aceitou a vaga na suplência do ex-governador para ser um importante parceiro de Goiás no debate das questões nacionais e estaduais, em Brasília, dada sua experiência anterior de 20 anos como deputado federal.
“Goiás, hoje, é um dos três estados com um dos menores índices de desigualdade social do Brasil, por causa dos programas sociais que o Marconi implantou. A nossa infraestrutura também avançou, fortemente. As principais estradas de Niquelândia já foram asfaltadas. Mas, agora, temos de pensar no futuro. Quem não tem um mínimo de qualificação política, de ética e de conhecimento, não pode ter um mandato de senador por oito anos para representar o Estado”, em alusão direta ao radialista, vereador e candidato Jorge Kajuru.
Sobre o pleito para governador, Vilmar preside o PSD em Goiás e defendia tese da necessidade de ‘uma oxigenação política com a apresentação de um nome novo, da sociedade’ para suceder a Marconi, nos últimos meses.
Porém, respeitou a decisão da maioria dos filiados e políticos de seu partido, que preferiram ficar na base governista. Dessa forma, Vilmar segue irredutível sem pedir votos para José Eliton, o que também ocorreu em Niquelândia, como já era esperado.